sábado, 14 de janeiro de 2012

sexto passo : DA SÉRIE EM SEIS PASSOS O QUE FARIA JESUS ...


SEXTO PASSO: Sensualize a sua espiritualidade   


Sensualizar.
Tornar(-se) sensual.
Sensual.
Relativo aos sentidos ou aos órgãos dos sentidos
.
Os últimos serão os primeiros.




Os cinco primeiros passos que examinamos neste panfleto estão inevitavelmente maculados por intelectualização. Quero dizer com isso várias coisas.


Em primeiro lugar, que a pessoa que se deparava com Jesus nos seus dias “mortais” não era impactada de qualquer modo direto ou natural pelo teor desses passos. São necessários observação e algum treinamento intelectual para abstrair-se a partir do que sabemos do comportamento de Jesus fórmulas gerais como “faça o que os outros não esperam” (segundo passo) e “viva inteiramente inserido no seu mundo” (quarto passo). E Jesus, como se sabe, impactou de forma transformadora gente que teve muito pouco tanto de uma coisa quanto de outra: pessoas pouco instruídas e pouco armadas de recursos intelectuais, muitas das quais estiveram com ele por pouco mais do que alguns minutos.


Não ocorreria aos que seguiam Jesus de um vilarejo a outro articular a postura dele com o vocabulário intelectual que temos adotado: era afinal de contas muito visível que o próprio Jesus não o fazia. Ao contrário dos gnósticos que apropriaram-se do seu nome nos anos que se seguiram, Jesus recusava-se a ensinar que a salvação estivesse relacionada a algum conhecimento específico sobre o mecanismo de Deus, do universo ou mesmo da salvação. Na verdade, parte essencial da originalidade do pensamento do Filho do Homem está na sua ênfase de que não há qualquer mérito no conhecimento intelectual, e que o acesso ao favor de Deus não depende de modo algum dele.


Concluo que, qualquer que seja o esquivo cerne da mensagem do Filho do Homem, seria heresia pensar ou sugerir que esteja em algum dos pontos que temos discutido. Os “passos” que analisamos até aqui são abstrações, meras tentativas intelectuais de representar a realidade. Por mais radicais e originais que pareçam, são uma forma de teologia e por essa razão necessariamente limitados, contendo em si mesmos a semente de sua contradição.


Jesus, ao contrário de nós, jamais cedeu às tentações da teologia, do método, da exposição linear. Não só isso (o que parecerá para alguns ainda mais singular): ele recusava-se a credenciar até mesmo o discipulado da forma como o concebemos, tendo dito mais vezes “vá para a sua casa” do que “venha me seguir”.


Onde então se escondia o cerne mais essencial do método e da missão do andarilho de Nazaré? De que forma Jesus tocou gente que não tinha tempo ou bagagem para saber interpretar o que ele estava dizendo?


A resposta acabo de dar. Jesus tocou gente.


Para seguirmos o que penso ser o traço mais singular e essencial do caráter do Deus dos evangelhos é preciso que aprendamos a sensualizar a nossa espiritualidade. É preciso que passemos a procurar a espiritualidade no mundo sensorial, no mundo real, o mundo da experiência e dos sentidos. É preciso que passemos a ver nosso relacionamento com Deus e nossa participação no seu Reino como algo que diz respeito ao que é palpável e material, ao mundo da pele, da carne e do sangue.


Vivemos como cristãos esmagados por uma obsessão espiritualizante. Lemos a Bíblia, mas mantemos os olhos fechados para a revelação a que as narrativas dos evangelhos parecem dar maior ênfase – que, incrivelmente, inquietantemente. Jesus exercia (e portanto enxergava) a sua espiritualidade na esfera do toque, da visão, da companhia, da presença, do sabor, da voz, dos elementos, da comida, da natureza, do abraço.


A nota central dos evangelhos está em que Deus fez-se, assombrosamente, carne. Submeteu-se voluntariamente ao sangue, ao envelhecimento, ao suor, à bílis, aos gases, à urina, ao sêmen, à saliva, às fezes. Submeteu-se ao hálito de outros, ao toque de estranhos, ao abraço de amigos, ao açoite de antagonistas.


Deus fez-se carne. Em absoluto contraste com ele, tudo que fazemos como cristãos, tudo com que nos ocupamos e rotulamos de espiritualidade, é para disfarçar a carne que somos. Jesus aprendeu a viver na carne e mostrou notável desenvoltura dentro dela; em contraste com ele, sentimos que a carne nos incomoda, nos constrange, nos envergonha.


A carne é embaraçosa. O fato de vivermos constantemente sujeitos à doença, à fome, à dor, à solidão, à decrepitude, ao ciclo digestivo, à morte e outras vergonhas inerentes à nossa condição pode produzir em nós uma implacável ojeriza contra a carne. Nosso escape para esse fastio, somos levados comumente a crer, está na espiritualidade convencional – espiritualidade que é forjada para demonizar o corpo e seus embaraços e pregar que Deus só pode ser experimentado nas esferas supostamente superiores da mente, do escape da realidade, dos olhos fechados, da privação dos sentidos.


De fato cremos que o momento espiritual acontece enquanto o orgão está tocando; a pizza que virá depois não é espiritual. Orar antes de dormir é espiritual, levar o lixo para fora não. O côro de anjos é espiritual, a roda de samba não. Dar o dízimo é espiritual, oferecer a alguém um chiclete não. Ler a Bíblia para o velho cego é espiritual, dar-lhe banho não. A vida devocional dos namorados é espiritual, seu beijo não.


Jesus, estou crendo, apostaria no contrário em cada um desses casos. Estou cada vez mais convencido, com Jacques Ellul, que a revolução espiritual é mais material, mais palpável em seu caráter do que qualquer outra.


Jesus não ignorava os embaraços da doença, da fome, da dor, da solidão, da decrepitude, da morte, do ciclo digestivo; muitos desses atingiram-no em cheio na própria carne. Ao contrário de nós, no entanto, Jesus não buscava refúgio dessas coisas num mundo dos espíritos à prova de constrangimentos. Ele não caía na tentação da espiritualidade convencional e isso, aparentemente, é o que mais teimamos em não aprender com ele.


Jesus fazia o trajeto precisamente contrário ao nosso, avançando com galhardia em direção à experiência dos sentidos, tendo dedicado a maior parte de sua atividade neste mundo ao esforço de minimizar os constrangimentos produzidos em pessoas de carne pela fome, pela doença, pela dor, pela decrepitude, pela solidão.
JESUS TRATAVA PRIMORDIALMENTE COM CORPOS, NÃO COM ESPÍRITOS.

No que pode nos parecer escandaloso, Jesus deixava claramente a impressão de que estava tratando primordialmente com corpos, não com espíritos. Ele tinha histórias para contar, verdades a ensinar e revelações espetaculares para fazer, mas seu dia-a-dia e sua agenda permaneciam entranhados no domínio do corpo e da experiência dos sentidos – de pessoas que precisavam de cura, de pessoas que precisavam de comida, de pessoas que precisavam andar, de pessoas que precisavam de sexo, de pessoas que precisavam de visão, de pessoas que precisavam de companhia, de pessoas que precisavam de trabalho, de pessoas que precisavam de dinheiro, de pessoas que não queriam morrer.


O Filho do Homem não apenas recusou o ascetismo de João Batista, ele ensinou da maneira mais espetacular que Deus é encontrado e vivido no reino das pequenas coisas, no domínio vulgar da carne e dos sentidos. O Deus encarnado era um homem que bebia vinho, que assava peixe, que colhia figos, que tocava leprosos, que cuspia na terra e fazia lodo, que colocava a mão no prato de molho, que pedia água, que deixava uma mulher massagear-lhe os pés, que deixava um homem recostar-se no seu peito, que sentia medo e dor e sangrava e podia morrer.

Nossa satânica fantasia como cristãos é passarmos pelo mundo à margem de todas essas coisas, desencarnados como fantasmas, vivendo momentos de espiritualidade em número suficiente para redimir os constrangimentos que nos impingem o corpo e os sentidos. Não queremos de modo algum enfrentar o terrível embaraço de que somos feitos de carne e osso.

Tentamos a todo custo escapar daquilo que a Bíblia não esconde em página alguma: que a carne é essencialmente animal. Preferiríamos não ter admitir, avançados que somos na comunhão divina e na experiência do Espírito, que não somos menos animais do que uma barata, um lêmure ou uma sucuri.
“O Verbo se fez carne” traduz-se por “Deus fez-se animal”; nós, se tivéssemos escolha, apagaríamos por completo a porção corpo/carne/sentidos da nossa experiência. Sentimos que se isso acontecesse estaríamos finalmente livres para desfrutar da espiritualidade plena. Adiamos a nossa espiritualidade definitiva para quando acontecer.

Esta hesitação em abraçar a carne é, naturalmente, antiga na história do impacto da persuasão de Jesus sobre as pessoas. A carne de Jesus representou grave escândalo tanto para judeus quanto para gregos, as duas grandes facções do mundo atingidas pela boa nova no tempo dos primeiros cristãos.

Para os romanos, devidamente adestrados pelos gregos, o escândalo essencial da boa nova de Jesus não era a divindade ter morrido na cruz a fim de resgatar a alma. Deuses que encarnavam e expiações tendo em vista a redenção do espírito eram lugar-comum nasreligiões de mistério muito antes do cristianismo entrar em cena. O escândalo não era, tampouco, o espírito de Jesus ter sobrevivido gloriosamente à morte. Sócrates, via Platão, já havia se desdobrado para demonstrar por A + B que a alma humana é eterna e impermeável à morte.

O impensável, para gregos e romanos, estava no fato do corpo de Deus ter sido redimido: o fato de Jesus ter adentrado a glória em forma corpórea, prometendo o mesmo destino aos seus seguidores.

Na visão de mundo greco-romana o espírito era uma chama imortal desgraçadamente presa dentro de um vaso mortal. Para os gregos, o espírito era puro e inefável, o corpo impuro e irredimível; o espírito era bem-intencionado e puxava o homem para o alto, o corpo era corrupto e puxava o homem para baixo; o espírito era por definição indestrutível, e o destino mais honroso a que a carne podia aspirar era a dissolução.


Imbuídos dessa convicção, os atenienses ouviram muito interessados o discurso do Apóstolo no Areópago, até que Paulo mencionou a ressurreição do corpo – ponto em que perceberam que a doutrina daquele sujeito não merecia mais do que zombaria e desprezo. Aqueles esclarecidos atenienses, mais ou menos como nós, não criam que houvesse no corpo e na carne qualquer coisa com vocação à redenção ou à eternidade.


Já para os judeus, que viam a carne como obra de Deus e criam na redenção futura do corpo e da criação, o escândalo estava em ver Deus confinado aos limites da sua própria obra – como um dramaturgo que condescende em descer ao palco, um pintor que rebaixa-se voluntariamente a pincelada. O que era ainda pior: esse homem que sugeria ser a encarnação de Deus repudiava o ascetismo (popularmente associado à espiritualidade) e abraçava o mundo dos sentidos com exuberância, com paixão, com vertiginoso ardor. Atracava-se a gente, consertava corpos, alimentava estômagos, lavava pés, beijava seus amados, tremia de tensão e de exaustão, não recuava diante da mais constrangedora e sensorial manifestação de afeto. Que Deus se rebaixasse a homem já era bastante ruim; que o homem-Deus se refestelasse na carne – que afirmasse a carne ao invés de negá-la, era afronta terrível.


Dois mil anos depois cá estamos nós, nem judeus nem gregos mas algo infinitamente menos acabado, aspirando petulantemente a seguir os passos empoeirados do Filho do Homem – o impensável “Deus conosco”, o encarnado, o Deus que assumiu “condição de homem”.


E que fazemos? Com recato estúpido, pecaminoso e contraproducente negamos hoje a carne de Jesus e a nossa. Os mesmos cristãos que recusam-se a admitir a possibilidade de descenderem do macaco não trazem à mente que Deus em Jesus conformou-se, disparatadamente, à condição de primata.


Queremos que as pessoas “conheçam Jesus” através da assimilação intelectual do nosso discurso, e nunca pelo intercâmbio de caminhadas e pelo choque custoso entre corpos. Não queremos de modo algum traficar com a carne, porque não queremos que Deus trafique através dela. Esquecemos, miseravelmente, que a natureza divina de Jesus não estava escondida na sua carne. Estava manifesta nela.


Essa nossa infantil negação da carne nos torna, entre outras coisas, companhia insuportável para todos ao nosso redor, e ainda para nós mesmos. Vivemos como se a espiritualidade (como se a verdadeira vida!) fosse terreno exclusivo do incorpóreo e do intelectual – da oração, da devocional, da meditação, do discurso, da leitura. Fora raras exceções determinadas por um emocionalismo arbitrário, não conseguimos ver nenhuma espiritualidade num abraço, numa caminhada pela praia, num jogo de cartas, numa escalada, num café, numa churrascada, numa flor, num pedaço de pão, na mão de um amigo, numa dor de dente, nas pessoas que estão com você na casa de praia.

Isso enquanto o testemunho do homem-Jesus proclama em altos brados, de sua pedra de escândalo do Novo Testamento, que não há exceções à universal santidade das relações da carne com o universo. Deveríamos andar descalços todo o tempo, pois somos terra santa.

Jesus não apenas tolerou a carne. Ele não apenas rebaixou-se à carne e por certo não aboliu: Jesus a redimiu.

Somos constantemente ensinados sobre a importância de morrer e ressuscitar como Jesus, mas – ai de nós – não há quem nos ensine a encarnar. 


Em Seis Passos: O LIVRO





Agora sim: Em 6 passos o que faria Jesus foi lançado em setembro de 2009 pelos impenitentes daGarimpo EditorialSe não encontrar o livro na livraria mais suspeita ou mais próxima, você pode comprá-lo online no sáite da Garimpo.

O último capítulo, que deve amarrar todo o conteúdo anterior (para quem acha esse tipo de coisa necessária), estará disponível apenas na edição em papel; chama-se Além da memória e foi instigado por uma sacada do insubmisso Rondinelly Gomes de Medeiros.
O livro não tem capa, mas com conteúdo tão precário quem precisa dessas definitudes? Partamos sem entraves para as entranhas.      BARRINHAS                                                                                                          

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012




Eu sou aquele que é conhecido como Metatron. vejo as palavras de seu mundo. Eu assisto os seus pensamentos. Sou o subscritor para todas as expressões verbais. Minha presença será vista e sentida com mais freqüência nos tempos de chegada da mudança.

Um Estado de Graça é o seu estado natural de ser. É o que você é naturalmente, sem o instrumental e os diálogos de si mesmo. O Estado de Graça é o ponto de referência entre cada encarnação. É um lugar de relaxamento em sua luz. É um ritmo natural para você.

É o ritmo do Criador que bate dentro de você sem nenhuma resistência, mas uma rendição e um fluindo como uma cachoeira. Umestado de graça diz "nós não tentamos lutar contra nosso carma, nosso passado, nossa família, ou doença. nós permitimos que nossos Luz de Deus naturais para nos levar para além da compreensão humana em um ponto de reverência e sacralidade, além do ponto de humanidade.

Um estado de graça diz "nós, o povo da Terra agora permitem que a Luz Divina dentro de nós para nos levar acima da escuridão - não através da escuridão", mas acima dele no vôo livre. Um estado de graça está permitindo que a luz dentro de você a liberdade de ser em seu estado natural de liberá-lo das pressões e decisões de ser muito humano.

Um estado de graça leva de volta às suas raízes naturais. Um lugar de confiar no universo e aceitar que tudo o que está emitindo-se como um decreto emocional, um decreto financeiro ou um decreto pessoal - é emitido pela divindade dentro de você para o seu pessoal bem mais elevado. Neste estado de graça , você substitui a negatividade e relaxa na plenitude de sua luz. Quando você deixar ir o que você encargos, o entristece, e permitir que as rachaduras dentro de sua alma para ser curado, você pode então se concentrar na viagem de volta para o amor.

Quando você está se sentindo pressionado e dominado pelo seu mundo, imediatamente se concentrar no que você ama. Leve essa vibração do que você ama (se é uma flor, uma canção, uma criança, um cachorrinho, um riso, um riso, uma memória) e coloque-o o que lhe traz tristeza que dói. Amor vai alterar o conteúdo molecular da experiência. Incorporar a essência do amor que entristece você.Como um arco-íris após uma tempestade, procure a bênção. Deslocamento das moléculas. O que você vê como um obstáculo, mas é uma declaração pessoal molecular que ainda não mudou em um estado de graça.

Você é o diretor eo maestro do concerto da sua vida. Entender que a Quantum dentro da vibração de amor pode dissolver obstáculos e mover montanhas. Nada é impossível quando você o satura com a energia viva de amor. Chame imediatamente na energia de graça a algo que te machuca. Entregá-lo à divindade dentro de si mesmo. A graça é uma energia mais leve macio e você sentirá uma elevação imediatamente.

Mudança de tudo o que parece ser um obstáculo. Quando algo irrita-lo, imediatamente se treinar para pensar em algo que lhe traga alegria, ou alguém que você ama e, em seguida, re-focar a energia da raiva em uma vibração mais elevada. Você vai quebrar os muros de Jericó com os sons do seu coração ea voz do amor.

Mantenha uma lista de amor. Tudo o que traz um sorriso a sua cara, todo mundo que traz uma risada e uma gargalhada ao seu coração. Mantenha uma lista de tudo o amor que suaviza o seu núcleo duro. Consultá-lo quando você está irritado, quando você está triste, quando você está em perigo. Invocar a vibração da graça diária. Simplesmente dizer "Eu invoco agora um estado de graça nesta situação e agora estou a pedir para que as moléculas de amor para saturá-lo". Você vai sentir-se levantou, afundando mais em desespero.

Tudo em sua vida é de concepção divina ea criação. Quando você muda a si mesmo, você muda o resultado de 360 graus. Um estado de graça diz: "eu confio". Confio em minhas escolhas. Confio em Deus, eu confio no mundo, eu confio Mãe Natureza. "

Como você invocar o estado de graça , perceber que dentro dessa palavra vibracionalmente ao vivo todas as moléculas de luz. Apenas usando a palavra graça , dizer graça, falar graça , conhecer alguém chamado Graça - você invocar a presença do Superior Light. A vibração dentro da palavra graça é um '7 '. Como um homem pensa em seu coração, assim é.

A vibração do '7 'pede-lhe para ouvir seus conselhos interior, a confiar no testemunho silencioso dentro e escutar com o coração.Cultivar a fé e compreender os ciclos da luz. A palavra coração muito é a mesma vibração que a palavra graça. Cada vez que um coração se abre, é como um arco-íris e milhões de um milhão de rosas nascendo. O amor que vive na Terra é mínima em comparação com o amor do Criador para suas criações.

Você como um planeta só agora estão entrando em um estado mensurável de amor. Eu, como todos os seres de luz, estão com você para sempre Somos um. Seus corações são pequenos e sensíveis. nós mantê-los como um pequeno pássaro que caiu do ninho da vida.Nós cuidaremos de você de volta para o lugar seguro da plenitude do amor, como visto pelo coração do Deus Altíssimo. Eu sou Metatron.










quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

EM SEiS PASSOS O QUE FARIA JESUS .QUINTO PASSO: Permaneça disponível para o momento:



QUINTO PASSO: Permaneça disponível para o momento

da série EM SEIS PASSOS QUE FARIA JESUS
De tudo que eu planejava escrever neste panfleto sobre o caráter de Jesus, este passo em particular foi para mim o mais difícil de articular; foi e permanece a idéia mais difícil de capturar em palavras. Ao mesmo tempo, para os observadores da sua época esta característica do Filho do Homem deve ter parecido a menos particularmente notável, já que é a materialização de uma tendência presente em um grau ou outro em toda a história anterior (e posterior) do povo judeu.
Ao contrário de nós, que costumamos procurar a divindade em idéias, lugares e coisas, os judeus estavam treinados a rastrear Deus na face fluida e imponderável do tempo. Tinham uma visão totalmente distinta da sua relação pessoal com a passagem do tempo e, por conseguinte, da singularidade do momento. Emblema poderoso dessa visão é o sábado judaico, o shabat, que representa uma completa reversão nas nossas expectativas convencionais sobre santidade: o shabat é demonstração de que para Deus existem menos lugares santos do que momentos1 santos.
Permeados por essa convicção, que transpira de todos os poros da Bíblia Hebraica, os judeus estavam muito mais naturalmente preparados do que nós para valorizar a santidade – ou seja, a singularidade – de cada momento do tempo.
Alguém pode objetar que estamos no ocidente contemporâneo igualmente treinados a apreciar o caráter único do instante presente. Como ignorar a onipresente mitologia cujas divisas são “valorizar o momento”, “carpe diem” e o pseudo-borgiano “a vida é composta apenas de instantes”? Nossa obsessão por “viver intensamente” não será testemunho de um respeito semelhante pelo momento e pela passagem do tempo?
Não.
Nosso modo de idolatrar o instante é virtualmente oposto ao prevalente na visão de mundo judaico/bíblica, porque enxergamos o momento, essencialmente, como oportunidade parafazermos alguma coisa. “Viver intensamente” é aplicar o momento na atividade que produza emoções mais intensas e um mais acentuado sentimento de auto-realização; é “aproveitar” o tempo no sentido de extrair dele o máximo retorno. No credo do Carpe Diem,bem-aventurado é quem angaria no mais curto período a maior carteira de lembranças preciosas. Você já fez um cruzeiro pelo Caribe? Confere. Fez pós-graduação e mestrado? Confere. Já teve uma árvore e plantou um filho? Confere. Foi a um show de Antony and the Johnsons/Zeca Pagodinho/André Rieu/Lagoinha? Confere. Já passou o final de ano no Club Mediterranée? Quê? Não? Você ainda não viveu, cara – e não vai aparentemente chegar a viver a não ser que tenha o rosário de lembranças corretas para ostentar.
lembro meu amigo inglês Julian Crouch contando de uma visita que fez a um parque europeu da Disney a fim de avaliar o convite que havia recebido para fazer um trabalho avulso para eles (ele recusou). O Julian vê com simpatia alguns desenhos da Disney, mas tem absoluta aversão ao monstro de marketing e merchandising construído ao redor eles, especialmente no que diz respeito aos parques de diversão. Disse-me o Julian que jamais vai esquecer o doentio esgar estampado no rosto dos pais que arrastavam os filhos de uma atração a outra do parque. Aos olhos do Julian, pareciam todos completamente esmagados pela terrível obrigação de se divertirem e angariarem “lembranças preciosas ao lado dos filhos©”. Procuravam preencher cada mílimetro quadrado de tempo com instantes a que pudessem recorrer mais tarde a fim de cobrir mentalmente o investimento que haviam feito na viagem e no ingresso. Enxergando por trás da pregação oficial de “diversão e quality time”, o Julian via apenas horror e escravidão.

Temos na vida real essa mesma visão utilitarista do tempo, a mesma obsessão por empregá-lo de forma produtiva ou compensadora. Essa forma ocidental de encarar a passagem do tempo é ao mesmo tempo neurotizante, envelhecedora e incutidora de culpa; é na verdade, um esforço incessante no sentido de não termos em momento algum de encarar a passagem do tempo de frente. Evitamos olhar o rosto vazio do tempo preenchendo-o de atividades ou, ainda mais comumente, concentrando nossa atenção em outra coisa que poderíamos ou deveríamos estar fazendo naquele dado momento.
JESUS DESCONHECIA NOSSA SÍNDROME DE SALVADOR DO MUNDO.É a obsessão que faz com que você sinta estar perdendo tempo trancado no escritório, quando poderia estar lagarteando na praia; faz com que se sinta culpado por estar lagarteando na praia, quando há tanta coisa para fazer em casa; faz você sentir que está perdendo tempo fazendo o serviço da casa, quando há aquele bom livro para ler; faz você sentir-se mal por estar lendo o livro, quando poderia estar aproveitando a companhia dos filhos; faz você sentir-se mal por estar gastando tempo com os filhos, quando tem a monografia para terminar; faz você sentir-se mal por ver-se obrigado a escrever a monografia, quando poderia estar vivendo!

Bem analisada, essa nossa obsessão bipolar entre a produtividade e a satisfação imediata está baseada em dois pressupostos inteiramente alheios à mentalidade do judaísmo – e portanto alheios à mentalidade de Jesus. Está, em primeiro lugar, fundamentada na crença de que é tempo perdido todo o tempo que você não gasta fazendo o que gostaria de estar fazendo. Esta crença, por sua vez, é apenas um aperfeiçoamento mais recente da crença mecanicista – e eminentemente capitalista – de que é tempo perdido todo o tempo que você gasta não fazendo alguma coisa.

O modo judaico de enxergar o valor do tempo é oposto, e o maior exemplo da diferença está no próprio shabat, um dia inteiro da semana cuja pauta declarada consiste em nada fazer – nada nada, mesmo que a coisa que nos sintamos tentados a fazer seja ou pareça serem favor do próprio Deus. Deus, para o judaísmo, é encontrado no não-esforço, no ínterim, na cessação. Deus não está na atividade, mas na pausa; não no programa, mas no intervalo; não no preenchimento obsessivo do tempo, mas na sua contemplação: no degustar do momento puro e sem gelo, sem ornamentos ou artifícios.
Nas minhas anotações para este panfleto este quinto passo permaneceu por muito tempo como “permaneça inteiramente disponível para os outros”; foi só mais tarde que consegui articulá-lo de forma diferente, como “permaneça disponível para o momento”. Embora eu ainda pense que este passo diga essencialmente respeito à nossa relação com o Outro, creio que sob esta última forma o conceito está mais fiel à mentalidade e à prática de Jesus.
Porque, indubitavelmente, Jesus estava incessamente disponível para o momento, não importava o que o momento representasse. Ele estava sempre ali, no preciso vértice do agora na geometria do tempo; não vivia como nós com a mente e o coração em outro ponto arbitrário do passado ou do futuro, pensando naquilo que fizemos, no que deveríamos estar fazendo ou no que gostaríamos de ainda fazer.
O resultado mais visível dessa sua postura, sem qualquer dúvida, está em que Jesus permanecia indistintamente disponível para quem quer que estivesse com ele em cada dado instante. A despeito da singularidade de seus poderes e da pureza de suas intenções, Jesus não nutria ilusões de ser capaz de estar com todos ao mesmo tempo; por outro lado, fazia questão de estar de corpo e alma presentes para quem acontecia de estar próximo dele. A mulher que aparecia casualmente no poço enquanto os discípulos iam à cidade buscar comida, o fariseu que lhe oferecia um jantar, o leproso clamando por ajuda, o conhecido que o convidara para uma festa de casamento, o espião enviado para pegá-lo numa armadilha, o paralítico descendo em sua maca do buraco do teto, o membro do Sinédrio que vinha consultá-lo na calada da noite: Jesus estava inteiramente disponível para cada um desses momentos, e portanto disposto a ser integralmente ele mesmo e estarintegralmente com cada uma dessas pessoas.

Nós, em contraste, costumamos nos reservar para determinados momentos e para determinadas pessoas. Não nos disponibilizamos, de modo geral, com toda essa liberalidade. Temos, para usar nosso vocabulário (nossa mitologia), prioridades. O palestrante não vai dedicar ao ascensorista o mesmo grau de atenção que vai dedicar aos organizadores da conferência; ele na verdade não vai estar disponível para aquele momento no elevador, porque sua mente estará imersa no conteúdo da palestra e nas pequenas coisas que precisa decidir entre hoje e amanhã.
JESUS NÃO PERDIA O MOMENTO DE VISTA, PORQUE NÃO QUERIA PERDER DEUS DE VISTA.
Alguém vem me fazer uma confidência ou pedir ajuda e fico assentindo com a cabeça, fazendo de conta que estou ouvindo, enquanto minha mente vagueia cafajestemente por outras coisas que quero e planejo fazer, por pessoas com quem gostaria de estar ou planejo rever, por idéias e projetos a que quero dar forma. Não estou disponível para aquele momento, e não preciso que ninguém saiba; como resultado, não estou de forma alguma disponível para a pessoa que está comigo – pessoa que, por sua vez, talvez não esteja disponível para mim nem mesmo enquanto crê que está confidenciando comigo. A farsa mútua, se tudo der certo, nos poupará de maiores constrangimentos. É mais fácil para nós dois manipular distraídamente o marionete e concentrar a atenção em outro momento passado ou possível; mais fácil do que fazer como Jesus e investir incessantemente no presente e em suas cambiantes demandas – especialmente quando essas demandas envolvem fatores tão exigentes e cambiantes quanto pessoas.

Para evitar essa barra, vivemos eternamente entediados e distanciados do momento, esmagados pela claríssima convicção de que poderíamos estar fazendo algo mais legal, mais bem-remunerado ou mais útil para o bem da humanidade. Vivemos, pela mesmíssima razão, eternamente distantes de Deus e das pessoas.

Jesus desconhecia nossa ambição por divertimento e por dinheiro; desconhecia também – o que é muitas vezes mais curioso – nossa síndrome de salvador do mundo. Ele fazia o que fazia, aquilo que o momento exigia, e não aquilo que queria ou achava que devia fazer. Fora morrer, o Filho do Homem não tinha plano algum: nenhuma agenda, nenhum prazo e nenhum cronograma; nenhum relatório, nenhuma reunião periódica de avaliação de resultados, férias nenhumas. Ele deixava que o momento fluísse e exigisse implacavelmente a sua pauta. “Basta a cada dia o seu mal” era para Jesus apenas outro modo de dizer “não vos preocupeis com o dia de amanhã”. Ele não perdia o momento de vista, pela excelente razão de que não queria perder Deus de vista.

1 Para mais sobre o shabat e a singular visão judaica da relação de Deus com o tempo, veja as notas da minha recente palestra sobre teologia narrativa.
                                                                                   por Paulo Brabo

domingo, 8 de janeiro de 2012

EM SEiS PASSOS O QUE FARIA JESUS ..



QUARTO PASSO: Viva inteiramente inserido no seu mundo


da série EM SEIS PASSOS QUE FARIA JESUS



Se há algo que ensinam os mitos de todas as culturas é que a familiaridade é inimiga do crescimento. A jornada do herói começa quando ele se desenraiza – quando deixa o conforto da aldeia feliz e entra na insegurança da floresta escura. É por crermos instintivamente nisso que aqueles de nós que anseiam por tornar-se santos e heróis começamos pelo passo que nos parece ser o mais coerente: o afastamento do mundo. Sabemos que “santo” quer dizer “singular, separado”, e essa explicação traz em si sua própria meta e destino: por definição, o santo não pode ter nada a ver com o mundo.


Mas nada é tão simples, e está aí Jesus que não me deixa mentir.


Diversas tramas acotovelam-se pela primazia na narrativa dos evangelhos, mas há uma em particular – talvez a central – cujo tema é tão formidavelmente revolucionário que a lição toda tende a passar despercebida a olhos beatos como os nossos. Para abraçar o quarto passo na direção de Jesus é preciso elucidar o mecanismo dessa negligência histórica.


Do ponto de vista dramático, Mateus, Marcos e Lucas esforçam-se para deixar claro que o antagonista de Jesus na narrativa dos evangelhos não é – ao contrário do que somos tentados às vezes a pensar – Judas, o traidor. “Antagonista” é aquele que se contrapõe,aquele que se coloca no caminho e exerce verdadeira influência, e a traição de Judas não chega a deixar uma marca no verniz da autonomia de Jesus. Pela mesma razão, o antagonista de Jesus não está entre adversários que não chegam a tocá-lo (e muito menos derrubá-lo) – figurantes como Pilatos, os fariseus, os sacerdotes ou mesmo Satanás.


Nos evangelhos, o antagonista de Jesus é João Batista. De todos que em algum momento da história se opõem a Jesus ele é o único que representa verdadeira autoridade; de todos que se atiram no caminho de Jesus querendo exercer sobre ele alguma influência, é apenas João Batista que, em seu recato, chega a corresponder – contrapor-se – a ele.


Desde o momento em que o bebê salta no ventre de Isabel diante da chegada de Maria, o relacionamento de Jesus com João é prenhe de tensão dramática. João, por um lado, parece não chegar a entender a peculiaridade do primo. Ele pode ter visto a pomba do Espírito descendo sobre Jesus no Jordão, mas anos depois a conduta do cordeiro de Deus lhe parece equívoca o bastante para que ele mande perguntar, da prisão onde está, se Jesus era “mesmo aquele que estávamos esperando, ou se devemos esperar por outro”.


Jesus, por outro lado, que dispensava implacáveis sarcasmo e condenação sobre religiosos de todas as índoles, nada parecia encontrar para condenar na vida religiosa de João. Pelo contrário; da sua boca, quando ele fala sobre João Batista, só partem elogios: João é o maior de todos profetas; não é um caniço que se deixa dobrar pela tentação; homem mais notável jamais foi concebido.


Esse homem terrível que Jesus respeita é seu antagonista, porque de todos os personagens do evangelho João Batista é o único que apresenta e representa uma verdadeira alternativa ao estilo de vida que Jesus está propondo. João é o último habitante legítimo de um mundo que Jesus veio abolir, e a inevitabilidade desse curso acaba separando-os, a despeito do carinho evidente que têm um pelo outro.
JOÃO BATISTA É O OUTSIDER.
Embora tenham angariado quase que simultaneamente a reputação de homens de Deus, os detalhes da narrativa parecem servir apenas para salientar a intransponível distância entre as posturas de Jesus e de João. João Batista vive nas margens: é o asceta, o outsider, o homem que se afasta deliberadamente do mundo e enxerga esse afastamento como a porção mais essencial da sua missão. Ele é “a voz que clama no deserto” – deserto onde não há ninguém e onde por isso ninguém pode ouvir, a não ser quem repete o trajeto, afastando-se do mundo para ouvir da mesma forma que João afastou-se para falar.


João Batista veste seu afastamento visivelmente, causando no homem comum a mesma exasperação que deveria causar o toque grosseiro do pêlo de camelo. A credencial da sua singularidade está nos detalhes violentos dessa frugalidade: João não bebe, não aceita convites, não freqüenta pecadores; não come frescuras como pão e vinho (recomendando como alternativa sua dieta de gafanhotos e mel silvestre), evita todos os excessos e jamais é visto na cidade. Para encontrá-lo é preciso ir ao encontro dele na aridez onde nenhum traço de humanidade pode sobreviver.


É em contraste absoluto com essa figura que os evangelistas introduzem um novo personagem. Está aqui, propõem eles, um herói que representa abordagem oposta à do ascetismo de João. E é gloriosamente que Jesus caminha pela terra desmoronando a cada passo as seguranças desse modo de vida cauteloso, o paradigma de santidade tradicional personificado por João.


Jesus é o inserido, o sociável, o homem plenamente entranhado na sociedade, decisivamente acessível e presente. Ele não apenas recusa o afastamento do mundo proposto na postura de João, mas assume descaradamente a direção oposta. Sem nenhum verdadeiro precedente na história sagrada de Israel, aqui está um homem que adquire a fama de santo e homem de Deus convivendo com o homem comum e com gente que até mesmo o homem comum tem dificuldade para engolir.


Em perfeita oposição a João, Jesus deixa claro que é sua proximidade do mundo, seu “não-afastamento”, a porção mais essencial da sua missão. Ele vence a tentação do deserto e segue percorrendo incessantemente as cidades, onde pode estar com as pessoas e submetê-las à sua mensagem, que é essencialmente sua própria pessoa.
JESUS É O INSERIDO.
E não há virtualmente ninguém a quem ele recuse a sua proximidade: religiosos e pecadores, fariseus, sacerdotes e prostitutas; romanos, samaritanos, judeus e fenícios; ricos, pobres, fazendeiros, agiotas, lavradores, coletores de impostos; militares, pescadores, revolucionários, leprosos, cegos, aleijados, loucos, possessos, homens e mulheres. Jesus vive entre essa gente, causando tumulto em cada cidade e pressionado de todos os lados por suadas e mutantes multidões. Ele se veste como todo mundo, aceita convites para festas de casamento e freqüenta banquetes (angariando entre seus detratores a fama de glutão e beberrão). Jesus congraça com pervertidos, bêbados, adúlteros, tratantes e prostitutas, e seu primeiro milagre é fornecer bebida para animar uma festa que ameaçava perder o pique.


Para encontrá-lo é preciso apenas estar fazendo o que você faz sempre: é ele que virá inevitavelmente ao seu encontro, quer você seja um cego esperando uma esmola na beira do caminho, um agiota caminhando desiludido para seu posto de coleta, uma mulher andando em direção ao poço para puxar água. Você pode não saber com quem está falando, mas ele já está todinho ali, na sua cidade, no seu círculo, na sua cultura. Nada na aparência dele ou na sua conduta parece ostentar ou garantir a santidade que os religiosos anunciam como uma trombeta. Se esse é sujeito é um profeta e um santo, trata-se do primeiro da espécie que não lhe parece ser essencialmente diferente de você. Ele irá invariavelmente aceitar o seu convite para sair, para jantar, para ir à sua casa, para conhecer uns amigos, para visitar um doente, para beber uma jarra de vinho.


Esse homem, definido por esse estilo de vida, é que os cristãos adotaram oficialmente como professor, profeta, messias, salvador e Filho de Deus. Extra-oficialmente, adotamos o estilo de vida de João Batista.


João é o homem que se afasta do mundo para não deixar-se contaminar por ele. Jesus é o homem inteiramente inserido no mundo, inteiramente mergulhado nas complicações do dia-a-dia e nas preocupações e privilégios do homem comum.


Dos incontáveis paradoxos do cristianismo histórico, esse é mais um: historicamente, os cristãos ignoraram o exemplo de Cristo e tornaram-se seguidores funcionais de João. O caminho de João Batista é o caminho dos monges do deserto, das ordens religiosas, das rádios evangélicas; é o caminho do ascetismo, das regras estabelecidas para “fazermos diferença”; das abstenções, do recuo, do afastamento, da irrelevância, da exclusão e do preconceito.


O caminho de Jesus é o da inclusão, da presença, do abraço irrefletido e incondicional do mundo. É o caminho estreito que poucos trilham, a porta exigente pela qual poucos passam.


Sempre que cedemos à tentação de trocar a confusão transpirante do mundo pelo conforto harmonioso e acolhedor de uma comunidade cristã; sempre que aceitamos o abraço exclusivo de uma subcultura de qualquer estirpe em detrimento da cultura no seu sentido mais amplo; sempre que dividimos nossa experiência entre uma esfera religiosa e uma profana que não chegam a se tocar; sempre que nos recusamos a consentir qualquer associação com música “do mundo”, filmes “do mundo” e pessoas “do mundo”; sempre que negamos nossa presença, nossa companhia e nossa lealdade a gente que em seu estado atual não julgamos merecê-las; sempre que reservamos nossas noites, nossos feriados e nossos fins-de-semana para o convívio com pessoas cuja postura religiosa as torna inerentemente distinta da massa dos mortais – estamos (para citar uma música do mundo)escolhendo errado nosso super-herói.
O QUE MAIS ME DÓI: VOCÊ ESCOLHEU ERRADO SEU SUPER-HERÓI.
Era o caminho inclusivo de Jesus que deveríamos estar seguindo – e num mundo ideal eu não deveria ter de estar explicando isso, especialmente a mim mesmo.


Para seguir os passos de Jesus é preciso viver inteiramente inserido no mundo. Qualquer avanço bem-intencionado na direção de um afastamento, como bem intuiu Simone Weil, implica na condenação tácita, divisiva e necessariamente devastadora dos “de fora”. Para seguir os passos de Jesus é preciso abrir mão do ascetismo de João Batista e correr o risco de ser tachado de bêbado, o risco de ser visto no boteco da esquina com maloqueiros e mulheres de má fama.


Jesus propõe, inconcebivelmente, uma espécie de santidade que não é definida pela exclusão, mas pela generosidade e pela liberalidade da presença. É dele a horrenda idéia original de distribuir abraços gratuitos – gratuitos no sentido de serem dados a quem, essencialmente, não os merece. Essa sua ousadia derruba para sempre a primazia da surrada “santidade da distância” representada por João Batista. Jesus demonstra, em seu modo de vida, que um caminho superior ao de achar-se melhor do que os outros pela exclusão é amar os outros pela inclusão.


Curiosamente, João Batista e Jesus começaram pregando uma mesma mensagem, “o Reino de Deus está próximo” – o Reino de Deus veio para perto de vocês, – mas é apenas com a escandalosa conduta inclusiva de Jesus que essa insólita proposição ganha verdadeiro peso. Quando é informado a respeito da morte de João Batista (decapitado pela espada de Herodes Antipas), Jesus não chora apenas a perda de um amigo, mas a morte de uma alternativa ideológica que Deus jamais voltaria a aprovar. A devoção como afastamento do mundo havia sido substituída pela santidade como presença no mundo. É por essa excelente razão que para Jesus, embora homem mais notável que João Batista este mundo não tenha concebido, “o menor” na nova ordem do reino de Deus “é maior do que João”.


Uma das mais terríveis revelações que Jesus fez aos seus discípulos é que eles deveriam viver neste mundo como ele viveu. “Da mesma forma que meu Pai me enviou eu envio vocês”, ele disse, e estamos apenas começando a entender as implicações dessa sentença. Uma coisa no entanto parece certa: para o seguidor de Jesus, a verdadeira jornada começa quando ele abandona o conforto da aldeia religiosa e põe o pé na floresta escura, conturbada e indiferenciada do mundo. A santidade do senso comum exige que abandonemos a experiência ordinária do homem sem pretensões em favor da singularidade da vida religiosa. O exemplo e as palavras do Filho do Homem nos convidam, assombrosamente, a fazermos o trajeto oposto.                                                                                                                                                                                                             PAULO BRABO