terça-feira, 3 de junho de 2014

A CASA VARRIDA PELOS VENTOS

A CASA VARRIDA PELOS VENTOS
 (Resenha do livro "Windswept House") - Malachi Martin


Resenha do livro "Windswept House"
Paulo Sérgio R. Pedrosa
Malachi Martin
( A Casa Varrida pelos Ventos: Um romance do Vaticano )

1 - Introdução
2 – O autor, padre Malachi Martin
3 - O enredo do livro
4 - A Igreja de Satanás
5 - A conspiração do Clero
6 - Nossa Senhora de Fátima, a Rússia e a Nova Ordem Mundial
7 - O Papa João Paulo II
8 - Conclusão



1 - Introdução


O livro Windswept House, escrito pelo Padre e ex-Jesuíta Malachi Martin é um grande livro. Obviamente não se trata de um livro histórico, mas de um romance muito bem escrito e interessante, com uma trama envolvente, que prende a atenção do leitor da primeira à última linha.

O autor, que supostamente conhece bem os meandros da política do Vaticano, diz que Windswept House é um livro “faction”, uma mistura de fatos reais e ficção. Neste contexto, segundo declarações do padre Malachi Martin em entrevistas, cerca de 80% dos fatos e das pessoas mencionadas seriam reais.

O livro trata longamente sobre os mistérios da intrincada política vaticana, e expõe fatos obscuros, inimagináveis e perturbadores que aconteceriam nos porões do Vaticano, e se inspira em acontecimentos e pessoas reais, auxiliando desta forma no entendimento da crise atual que atravessa a Igreja Católica.

No desenrolar do livro, o autor descreve coisas simplesmente impressionantes e inacreditáveis, tais como: a existência de uma seita satânica infiltrada na hierarquia da Igreja; as conspiração engendradas por parte da cúria romana contra o papado e contra o magistério; os acontecimentos geopolíticos mundiais e suas relações com a mensagem de Fátima e com a Rússia.

Obviamente não existem comprovações ou referências históricas que corroborem a existência de seitas satânicas dentro do Vaticano, nem este é o objetivo do livro, que apresenta uma de muitas hipóteses levantadas pelo romance.

Mas talvez o mais memorável seja a análise profunda que o livro faz da figura do Sumo Pontífice, o papa Eslavo, numa clara alusão à João Paulo II e ao final de seu pontificado.

Avisamos ao leitor que as conclusões e afirmações desta resenha são baseadas na obra e nas opiniões do autor e não refletem minhas opiniões em particular, nem as da Associação Cultural Montfort.

Cabe aqui também a ressalva que este livro não conta com nosso aval irrestrito para todas suas alegações.

2 - O autor, padre Malachi Martin

O padre Malachi Brendan Martin foi um famoso teólogo e autor de vários best sellers. Nasceu em Kerry Irlanda no dia 23 de julho de 1921 e faleceu dia 27 de julho de 1999, após um derrame cerebral, sob condições não muito claras.

Tendo entrado para a Companhia de Jesus em 1939, conseguiu bacharelado em linguagens semíticas e história oriental com estudos paralelos em Assiriologia no Trinity College (Irlanda), e se doutorou em Filosofia, Teologia, Linguagens Semiticas, Arqueologia e História Oriental pela Universidade de Louvain, na Bélgica. Consta que padre Malachi Martin falava 12 idiomas.

Na Festa da Assunção, foi ordenado sacerdote no dia 15 de agosto de 1954.

De 1958 a 1964 trabalhou em Roma, tornando-se no período um dos colaboradores diretos do Cardeal Augustin Bea e do papa João XXIII, o que ensejou que edificasse valiosas amizades e contatos dentro do Vaticano. Decepcionado com o Concílio Vaticano II e com a pesada infiltração modernista no Vaticano, pediu em 1964 pediu e obteve do papa Paulo VI a dispensa dos votos de pobreza e de obediência devida à Companhia de Jesus, mantendo porém o voto de castidade, assumindo então a condição de sacerdote leigo (o que nos parece bem inusitado).

Em dezesseis livros publicados, inúmeros artigos e várias entrevistas, o padre Malachi Martin fez fama pela “ incomparável precisão ”, como qualificou o jornal The Washington Post , com a qual ele não apenas relatou, mas também previu os atos e as conseqüências da geopolítica secreta do Vaticano e suas ligações complexas com governos e nações ao redor do mundo.

Dentre seus livros mais famosos temos: Hostage to the Devil , The Final Conclave , Vatican , The Jesuits e The Keys of This Blood .

Pouco antes de seu falecimento, o padre Malachi Martin estava trabalhando naquele que considerava seu livro mais controverso e importante, de título provisório um tanto quanto infeliz: Primacy: How the Institutional Roman Catholic Church Became a Creature of the New World Order , que supostamente lidaria com o poder do papado fazendo uma análise da mudança revolucionária no dogma ancestral do primado de Pedro.

Cabe aqui uma ressalva ao tom um tanto apocalíptico e milenarista que às vezes o padre Malachi Martin assume em seus livros e em entrevistas. Suas opiniões devem ser levadas em consideração à luz da doutrina católica e de uma análise consistente da Crise atual, e não tomadas como verdade absoluta.


3 - O enredo do livro

Os maus são mais espertos e organizados do que os bons. Eles parecem incansáveis. Seus pontos fracos são os vícios capitais, sendo o maior deles o orgulho.

Os bons têm visão mais estreita e ação mais limitada. Eles parecem cochilar na hora que mais precisam estar alertas, e confiam na graça divina principalmente e em segundo plano em suas virtudes.

Tal enfoque é uma das muitas leituras que se pode fazer do livro. Em meio a várias instigantes tramas paralelas, o fio condutor do livro diz respeito à uma conspiração engendrada por inimigos do papado, tanto internos quanto externos à Igreja, de forma a forçar a renúncia do Papa Eslavo, tendo como objetivos mais abrangentes o enfraquecimento do papado e a democratização da Igreja.

E o livro começa com uma impressionante descrição de uma cerimônia satânica realizada dentro de uma da principais capelas do Vaticano, em conjunto com uma ainda mais abominável ainda em uma Igreja nos Estados Unidos. Tal abominação serviria para a entronização do Arcanjo Lúcifer na Igreja. De acordo com as alegações do padre Malachi Martin, este é um dos fatos reais reportado pelo livro.

O personagem principal do livro é o padre Christian Gladstone, um padre tradicionalista, que só celebra o rito de São Pio V, e devido ao acaso acaba trabalhando para o líder da conspiração clerical, Cardeal Maestroiani, Secretário de Estado do Vaticano, e o segundo em poder no estado papal. Gladstone e seu irmão involuntariamente se vêm envolvidos numa conspiração idealizada para incentivar uma espécie de rejeição universal ao Papa Eslavo por parte dos bispos católicos espalhados pelo mundo, incentivando a exigência da renúncia do Papa “para o bem da Igreja”.

Uma das tramas paralelas do livro tratam da tríade homossexualismo, pedofilia e satanismo, que diz infestar parte do clero católico ao redor do mundo, em particular nos Estados Unidos. Outra trata da influência da maçonaria sobre figuras relevantes da Igreja Católica nos últimos anos, e do vínculo estreito entre maçonaria e o poder oculto por trás da Nova Ordem Mundial.

4 - A Igreja de Satanás

O papa Paulo VI poucos anos após o concílio Vaticano II disse uma frase que entrou para a história da Igreja, ao dizer que “por alguma fresta, entrou a fumaça de Satanás na Igreja”. De acordo com os relatos do padre Malachi Martin no seu livro, esta frase tem um sentido muito mais do que literal. O livro conta que, antes do dito concílio, foi realizada uma missa negra com o intuito de entronizar o arcanjo Lúcifer no Vaticano, de forma trazer confusão e mudanças profundas no reduto do “Inominável” (nome pelo qual os satanistas, segundo o autor, tratam Nosso Senhor Jesus Cristo).

Toda a confusão proveniente da implantação dos decretos do Concílio Vaticano II, de acordo com Malachi Martin, só teria sido possível por causa desta preparação “espiritual”, uma vez que a batalha principal em andamento se da no plano espiritual.

No plano espiritual, a conspiração contra a Igreja é liderada pelo próprio Lúcifer. Sua doutrina, a gnose. Sua meta: tomar o lugar de Deus na adoração prestada pelos homens.

O romance de Malachi Martin conta que, para realizar a abominação no lugar sagrado, os satanistas se infiltraram no clero, chegando a atingir postos na alta hierarquia. Seu objetivo seria a demolição da única e verdadeira Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. Algumas pessoas sugerem que Malachi Martin teria se inspirado Cardeal Bernardin de Chicago para criar o personagem arqui-sacerdote de Lúcifer que comandou esta hedionda celebração.

No romance, a igreja do diabo tem um chefe visível, designado como capstone, que significa a pedra de cume da pirâmide, em inglês. Capstone é um personagem misterioso, e pode ser um dos vários personagens apresentados ao longo do livro. Ele nunca aparece pessoalmente, e sempre se manifesta através de memorandos escritos ou através de contatos telefônicos. Ele é quem dá as principais diretivas com relação a execução dos planos de Satanás para o domínio da humanidade e destruição da Igreja.

Abaixo deste chefe enigmático, Malachi Martin descreve um conselho formado por pessoas extraordinárias que possuem o poder real no panorama político e econômico mundial. No livro tal grupo é chamado de Concilium 13. O Concilium 13 seria formado por capstone mais doze pessoas notáveis. Isto parece ser uma alegoria do livro que contrapõe estes à Cristo e seus doze apóstolos. Além do poderio econômico e político, eles deteriam o domínio tanto da comunicação escrita quanto das telecomunicações globais.

Existem dois grupos conspiradores distintos, porém ligados, no livro:

A falange, que é compostas pelos adoradores do diabo que se dividem em satanistas e luciferianos. Os satanistas acreditam em Lúcifer como um deus pessoal contrário ao Deus Criador. Para eles, Lúcifer exige que sua adoração deve ser uma violação e inversão da adoração e dos rituais do Deus cristão. No livro, vários personagens, inclusive alguns cardeais importantes, são listados no rol dos satanistas. Já os luciferianos constituem uma elite, uma parcela menor dos adoradores do demônio, que enxerga Lúcifer como uma inteligência impessoal criadora do Universo, mas sob uma ótica inteiramente naturalista. Os membros do Concilium 13 são luciferianos. Os luciferianos por vezes participam de rituais satânicos, mais por memorial do que crença, diferentemente dos satanistas.

A maçonaria, dividida em alta maçonaria e a maçonaria. Estes grupos desconhecem a influência de Satanás nos planos globalizantes, mas aderem, conscientemente ou não, ao plano mestre engendrado pelos satanistas. Aqui também encontramos figuras de destaque do clero, principalmente na alta maçonaria, que possui maior poder político que a maçonaria regular.

O grande objetivo do grupo é implantar o “Processo” ou, melhor dizendo, “The Craft” (ou a “obra”) como é conhecido nos ambientes maçônicos. O processo consiste em unificar todo mundo econômica, política, social e principalmente religiosamente, de forma a se atingir uma Nova Ordem Mundial (New World Order), ou seja, a implantação prática da Utopia. Este objetivo é partilhado pelos maçons, porém estes desconhecem o objetivo principal dos satanistas, que é fazer toda humanidade adorar a Lúcifer como único deus.

No romance, estes grupos executam um plano para forçar a renúncia do papa. O papa atual é visto como empecilho para a implantação da Nova Ordem Mundial, principalmente por sua teimosia em combater o controle de natalidade, o aborto e o homossexualismo. Para isto acontecer, um prazo deveria ser respeitado, pois os satanistas acreditam que a entronização de Lúcifer tem um tempo de validade, ou um tempo disponível, dentro do qual Lúcifer poderia definitivamente tomar o controle do mundo.

Um dos assuntos mais recorrentes no livro é a corrupção do clero, especialmente o norte americano. O autor denuncia uma rede de acobertamento de padres pedófilos que na verdade é uma rede satanista. Se diz neste livro que, apesar de nem todo caso de pedofilia estar envolvido com satanismo, todo caso de satanismo envolve pedofilia como ato de profanação.

O que teria se desenvolvido nos EUA na verdade seria uma verdadeira infiltração satânica, através da criação de uma rede corrupta de culto e de proteção. Para conseguir este odioso intento, os satanistas conseguiram estabelecer o Arqui sacerdote de Lúcifer (supostamente o Cardeal Bernardin, falecido Arcebispo de Chicago) na presidência da NCCB (a Conferência Nacional dos Bispos Católicos dos EUA). Sob o comando deste Cardeal, o culto a satanás chegou ao seu ápice. O livro alega que existem provas reais que comprovam a participação de elementos do alto clero americano em rituais satânicos, inclusive com fotografias e filmagens. Este Cardeal é indicado como o Cardeal de CenturyCity (Chicago) e presidente da NCCB, uma alusão mais do que clara a Bernardin. Malachi Martin chega mencionar dois casos de assassinatos satânicos de padres da diocese deste Cardeal, e sugere que ele estivera diretamente envolvido neles.

No enredo do livro, o Vaticano teria enviado pessoas para investigar a rede de homossexualismo e satanismo que assola a Igreja nos EUA, pois lá supostamente seria o epicentro da degradação e da prática do satanismo pelo clero.

Além da suposta alusão ao Cardeal Bernardin, Malachi Martin denuncia mais 3 Cardeais importantes como sendo satanistas, dentre eles um personagem chamado de Cardeal Aureatini ( que se supõe aludir ao Cardeal Achille Silvestrini – numa associação de nomes óbvia). Sem rodeios, Malachi Martin o acusa de ter assassinado de um padre veterano por suspeitar que este sabia do segredo da cerimônia de entronização do arcanjo Lúcifer no Vaticano, da qual Aureatini teria participado.

5 - A conspiração do Clero

O livro é bastante ilustrativo no que tange a de denúncia de manobras escusas nas quais supostamente estão ou estiveram envolvidos importantes personagens da cúria romana. Deste círculo de conspiradores clericais supostamente fariam:

Cardeal Mastroianni (Identificados por alguns como o Cardeal Casaroli) – Líder da conspiração e Secretário de Estado do Vaticano: não seria satanista, mas acredita que o processo (the craft) é a verdadeira força por trás da história. É o líder aparente da conspiração e tem importância capital no livro.

Cardeal Pensabene – Tem profunda influência no colégio Cardinalício e segundo Malachi Martin, poderia influenciar diretamente na escolha do próximo papa, pois teria muitos vínculos com pessoas poderosas na América do Norte.

Arcebispo Graziane (Identificado por alguns como o Cardeal Angelo Sodano) – Secretário de Estado do Vaticano, é descrito como um oportunista. Na maioria das vezes faz jogo duplo, para ficar do lado vencedor, seja o lado dos conspiradores, ou do lado do papa. No livro, ele participa de uma reunião em Estrasburgo em que a maçonaria decidiu que o papa deveria renunciar.

Cardeal Aureatini – que mandou matar um padre do Vaticano que soube da entronização de Satanás ao ler as cartas testamento de Paulo VI e de João Paulo I, quando o Cardeal Villot (mencionado nominalmente no livro) era secretário de estado do Vaticano.

Cardeal Noah Palombo – Segundo M. Martin ele tinha um olhar de possesso.

Padre Michael Coutinho – Superior Jesuítas - Preferido dos conspiradores para sucessor do papa Eslavo. Aberto a mudanças doutrinarias com relação a contracepção, aborto e pesquisa fetal e simpático a mudanças da Igreja com relação a homossexualidade, padres casados e ordenação de mulheres.

O papa Eslavo, neste romance, tem pleno conhecimento de que todos estes cardeais seriam maçons e que estariam conspirando contra ele.

5.1 – O plano dos conspiradores

De acordo com o livro, o eventual plano para forçar a renúncia papal teria as seguintes etapas:
Criar um mecanismo de Consenso dos Bispos
O Consenso dos Bispos teria maior autoridade que o Papa (conceito de colegialidade, onde o conjunto dos bispos teria mais poderes do que o Papa).
O Consenso dos Bispos mostraria desacordo com Papa.
O Consenso dos Bispos forçaria a renúncia do Papa.

O Papa passaria a ter que renunciar seu posto quando atingisse 75 anos, como acontece com os bispos no mundo inteiro. Mas um problema prático decorre disto: para quem o Papa faria o seu pedido de renúncia? Todos os bispos fazem seu pedido de renúncia ao Papa, que é o seu superior. Mas não existe um superior terreno para o Papa. A idéia então, de acordo com o conceito de colegialidade, seria que o Sínodo dos Bispos aprovaria a renúncia papal.

E qual seria a grande vantagem disto? O fato de se derrubar um importante adversário da cultura da morte defendida pelo pensamento liberal moderno, e a abertura de uma estrada pavimentada para a União Européia, e mais tarde, uma união global de fato. Esta união deveria ser sem divergências nacionais políticas ou religiosas, tendo em vista no futuro a Nova Ordem Mundial (a obra – The craft – The process).

O plano consistiria em provocar a insatisfação nos bispos Europeus com a falta de suporte do Papa para a Nova Ordem Mundial, mostrando que aqueles que não estivessem em sintonia com esta Nova Ordem estaria fadado à extinção.

O instrumento para implantação do plano de renúncia do papa seria monetário: organismos financeiros internacionais dariam crédito aos bispos rebelados e provocariam dificuldades para aqueles que apoiam o papa.

5.2 – Como a Ortodoxia Católica foi minada, e como a heresia tomou conta da Igreja, de acordo com o padre Malachi Martin.

O padre Malachi Martin neste seu livro alega que grande número de missas e confissões são inválidas. Um número indizível de padres não foi validamente ordenado, e ainda está por se descobrir quantos bispos foram ou não foram validamente consagrados ou se tornaram infiéis. Neste livro, ele revela como os modernistas conseguiram modificar tão grandemente a ortodoxia católica, a ponto da apostasia ter se instalado confortavelmente no seio da Igreja.

Uma parte importante da estratégia para se quebrar a ortodoxia do clero e dos fiéis é instalar “agentes de mudança” dentro das CNBs ao redor do mundo. Este mesmo estratagema foi utilizado por Stalin, Hitler e Mussolini com sucesso. Segundo Malachi Martin, o Cardeal Pensabene, ou seja, o Cardeal Pio Laghi, chama isto de engenharia social. Ele diz que problema não é apenas mudar o pensamento de 4000 bispos, mas mudar o modo de pensar de milhares de católicos de acordo com os pontos de vista dos “engenheiros sociais”. Ou seja, fazer com que os católicos aceitassem as heresias naturalmente.

Os Agentes de mudança podem ser uma instituição, uma organização, um único indivíduo, provenientes do setor público ou privado. Seu propósito é trocar valores e comportamentos “antigos” por “novos”, usando técnicas de base psicológica desenvolvidas especificamente para desarmar as atitudes de resistência.

Pensabene, no livro compara este processo à estrutura piramidais, onde o “capstone” seria o “agente de mudança”, traçando um paralelo com a Igreja de Satanás.

Este seria o método desenvolvido por John Dewey e aplicado na implantação das mudanças pós Concílio Vaticano II: controlar as mentes e as emoções por meios experimentais (sentidos) e não por meios racionais. O objetivo desta técnica é incentivar emoções ao invés de estimular pensamentos e percepções intelectuais. O agente de mudanças institui um processo no qual a sua audiência alvo participa ativamente.

Obs: Note como as seitas dentro da Igreja católica enfatizam a “vivência” da experiência dentro da Igreja enquanto desprezam os estudos teológicos e a doutrina. Ex: Neo-catecumenato, Focolari, RCC, etc...

Este processo possui quatro etapas distintas, a saber:
Congelamento (freezing) – o agente de mudanças ‘congela’ a atenção e a experiência do grupo em seu próprio isolamento e vulnerabilidade.
Descongelamento ou desagregação (unfreezing) – o agente distancia os membros da audiência dos valores ‘velhos’ nos quais eles confiavam. Isto, em suma, significa que os valores anteriores são mostrados como não mais apropriados e desejáveis.
Reagregação (reagregation) – Segue com a aceitação da nova estrutura de pensamento proposta pelo agente (facilitador).
Rotinização (routining) – As novas estruturas de pensamento são incorporadas no fluxo diário normal.

Os procedimentos podem ser repetidos sempre que necessário, e através de quantos ‘facilitadores’ convertidos o possível – para perpetuar e espalhar o “novo pensamento”.

De acordo com Malachi Martin, este foi o processo utilizado para fazer com que cinqüenta milhões de católicos norte americanos aceitassem a missa nova na década de 70.

“Em vinte décadas nós praticamente obliteramos qualquer traço efetivo de liturgia e vida paroquial que foi estabelecida em dois séculos (nos EUA)”, palavras colocadas na boca do Cardeal Pensabene por Malachi Martin.

O autor ainda cita ainda um agente facilitador: o Noah Palombo, que à frente do Conselho para Liturgia Cristã, mudou o pensamento sacerdotal em termos de orações aprovadas e devoção.

O autor cita um exemplo de estratagema usado para realização de mudanças:

Um bispo auxiliar publicaria um artigo no estilo igualitário americano que é hora de se ordenar mulheres para o sacerdócio. Isto seria suportado imediatamente por uma inundação de declarações de apoio em jornais diocesanos, conferências públicas e mídia em geral. Isto provocaria impacto na NCCB, porque a proposta veio de um bispo, e por causa da inundação de apoio vindo da base, o Comitê de Assuntos Internos –IAC – seria “obrigado” a endereçar as pesadas considerações que foram levantadas.

Alguns “agentes de mudança americanos” são freiras feministas, algumas das quais praticante da Wicca, alguns ex padres e membros proeminentes da Dignity, uma organização “católica” para clérigos e leigos homossexualmente ativos.

O padre Malachi Martin cita uma reunião onde uma freira feminista teria feito a oração de abertura (com vários bispos presentes) com invocações à benção matriarcal da Mãe Terra e de Sofia, a deusa da Sabedoria (invocações pagãs normalmente utilizadas pelas adoradoras da Deusa, uma seita neo-pagã americana).

A maioria dos bispos americanos estão habituados mais do que nunca a ouvir a NCCB discordar das instruções vindas do escritório papal. Segundo Malachi Martin, os conspiradores consideram importante ser fato normal na vida católica que as igrejas locais discordem das diretivas Romanas.

A implantação das mudanças são feitas sem aviso prévio. Eles simplesmente as implantam como querem. Uma vez implantada, os clérigos e fiéis simplesmente obedecem como dominós colocados em linha.

Tudo isso teria sido feito na implantação da Missa Nova.

Os conspiradores, para espalhar a confusão pela Igreja, emitem cartas pastorais contrárias à ortodoxia e contrárias à posição papal, para toda Igreja. Isto aconteceu com uma carta que dizia que o uso de coroinhas mulheres era apoiado pela lei canônica, que foi emitida à revelia de João Paulo II. João Paulo II, mesmo tendo sido contrariado, não agiu, e deixou as coisas como estavam.

Como estratégia final para renúncia do papa, existiria um estudo sobre demografia feito por certos especialistas e teólogos modernistas que indicavam a necessidade de limitação a dois filhos por família, que os conspiradores pretendiam lançar antes que uma suposta encíclica papal contra o homossexualismo, satanismo e controle de natalidade fosse lançada, para miná-la.

Tudo seria feito para desacreditar o Papa e dizer que quem dirige a Igreja e dá posicionamento moral para ela são os bispos e não o Papa. O Consenso Universal dos Bispos é que deve ter o poder, e o papa deveria ter um papel meramente figurativo.

5.3 – Papel das ordens religiosas na difusão da heterodoxia.

De acordo com Malachi Martin, as ordens religiosas se encontram num estado ainda mais lastimável que a hierarquia diocesana:

Franciscanos: Difundiram a Renovação Carismática Católica, para focar fiéis no Espirito Santo e assim enfraquecer devoção aos santos, especialmente a devoção Mariana.

Jesuítas: Difundiram a Teologia da Libertação para enfraquecer o senso de dever e respeito para com a Igreja hierárquica, principalmente nos países latino americanos.

5.4 - Clero Não Engajado na conspiração ou contrário à mesma:

Malachi Martin também comenta a respeito da parte do alto clero que não está envolvido em conspirações e que supostamente apoia o papa.

Malachi Martin coloca as seguintes duras palavras dirigidas ao papa, na boca de um Cardeal, que em sua trama é considerado um dos mocinhos:

“Ambos percebemos que o senhor (o papa) possui uma teologia que não é ortodoxa nem tradicional; que sua filosofia não é tomista; que o senhor é um fenomenologista. Também percebemos que o senhor desistiu da atual organização clerical da Igreja; e que muitos da organização clerical desistiram do senhor. Eles o querem fora, definitivamente e logo.”

“Mas por tudo isto, Santidade, ambos sabemos que o senhor é o Papa de todos os católicos e o único representante de Cristo entre os homens. Meu único preceito forte para o senhor é que esteja moralmente certo do que você faz como Papa. E porque nós pecamos mortalmente não apenas por ação, mas também por omissão, seja apenas como certeza moral do que você deliberadamente não está fazendo. Pois, no seu caso, Santo Padre, é o que o senhor não está fazendo – e que não fez – que decepciona muitos dos fiéis.”

O papa então pergunta: “Qual foi o meu principal erro?”

E o cardeal responde:

“Indubitavelmente, Santo Padre, sua falha em interpretar a doutrina do Concílio Vaticano II autoritariamente e – eu repito santidade, e – de acordo com a tradição. Sem sombra de dúvida, os documentos do concílio, como se encontram, não são compatíveis com o Catolicismo Romano tradicional. Assim, o senhor permitiu que o erro florescesse sem correção. Isto levou a muitos equívocos – possivelmente mesmo impropriedades – no nível papal.”

Papa Eslavo: “Dados os meus motivos, nós estamos falando de pecado mortal ou venial?”

“Devido aos danos, mortal”...

5.5 – Reação contrária aos conspiradores

No romance, o papa, ou algumas pessoas que defendem o papado, tomam as seguintes medidas para conter o avanço dos conspiradores, que seriam:
Criação de uma rede subterrânea de bons padres que foram expulsos ou colocados no ostracismo por causa de sua ortodoxia, para ministrar sacramentos válidos aos fiéis. Seria esta uma alusão à FSSP?
Combate a rede de pedofilia e satanismo estabelecida na Igreja.
O papa emitiria uma encíclica condenando ex-cathedra o homossexualismo, o satanismo, o aborto e o controle de natalidade (tal encíclica nunca foi publicada).
O Papa proclamaria ex-cathedra que Nossa Senhora é medianeira de todas as graças (que seria o último dogma mariano).



6 - Nossa Senhora de Fátima, a Rússia e a Nova Ordem Mundial

Dentre os assuntos mais pungentes tratados no livro, um dos que chamam mais a atenção é a relação evidente entre as aparições de Nossa Senhora em Fátima, a situação da Rússia e a Nova Ordem Mundial. O padre Malachi Martin alega ter tido acesso ao texto do terceiro segredo de Fátima enquanto ainda trabalhava no Vaticano, mas que não pôde revelá-lo por força de um juramento (Alegação que particularmente de pouca credibilidade).

De acordo com ele, o terceiro segredo se refere à degradação da Igreja pós Concílio Vaticano II, principalmente, mas também faz alguma menção à Rússia.

6.1 – Michail Gorbachov e o Papa

Numa seqüência inusitada, Malachi Martin nos conta que Michail Gorbachov (citado nominalmente no livro) teria mandado um espião tirar fotos do 3 o segredo de Fátima em 1991, pouco antes de sua queda do poder, pois achava que o segredo podia lhe dar alguma vantagem. (Segundo o autor, o papa teria comentado em 1986 que o segredo daria alguma vantagem estratégica para a URSS naquela época).

Além disso, o autor diz que em uma entrevista que o papa teve com a irmã Lúcia, em Portugal, teve algo a ver com Michail Gorbachov e a Rússia.

Gorbachov mantinha correspondência particular e secreta com o papa. Ele, antes dos acontecimentos, informou ao papa que a URSS deixaria de existir e que o poder da Rússia passaria para Yeltsin porque ele perdera o apoio de seus patronos Ocidentais.

Malachi Martin diz que Gorbachov é financiado pelos EUA, e que ele é uma marionete dos macro gerenciadores globais e o “queridinho” dos engenheiros mestres americanos. Ele é ateu e materialista convicto, e politicamente é um completo marxista. Do ponto de vista moral não pode ser distinguido de um urso polar. Ele não tem misericórdia, compaixão ou simpatia por ninguém inclusive pelo papa.

De acordo com o autor, Gorbachov teria escrito ao papa: “Pelo menos nós nos libertamos da ilusão de status de superpotência; e Sua Santidade, de qualquer ilusão de que é o cabeça de uma super igreja. Em nosso mundo existe apenas uma superpotência; nem os EUA nem a URSS. E agora que a Igreja de Satanás esta estabelecida, sua autoridade (do Papa) não é mais absoluta”.

Gorbachov, depois de sua saída do palco político da Rússia, criou a fundação Gorbachov, que tem como lema: “Indo em direção a uma Nova Civilização”, e formulou planos para a Cruz Verde Internacional, sua versão de atividade ecumênica, para a “aliança espiritual de todos verdadeiros crentes no habitat terreno do homem”.

Qual o papel de Gorbachov no âmbito da Nova Ordem Mundial? Alguns pensam que ele seria o líder ideal para um mundo globalizado... Atualmente, parecem existir vínculos de Michail Gorbachov e a promoção do ecumenismo pela ONU, e uma certa ligação sua com algumas pessoas proeminentes vinculadas ao movimento New Age.

O padre Malachi Martin afirma algumas coisas muito estranhas ainda a respeito de Gorbachov, como ao alegar a providência divina teria salvo Gorbachov do golpe de estado de agosto de 1991, e que o papa acharia que Gorbachov seria um instrumento de Nossa Senhora. Uma espécie de facilitador para uma eventual peregrinação do papa ao leste europeu (Outra afirmação de pouca credibilidade).

6.2 – O Fim da União Soviética e a Rússia de Hoje

De acordo com Malachi Martin não houve revolução expontânea do povo em 1989 (URSS). O sistema soviético não implodiu. Não existiu uma falha súbita no sistema soviético. Ouve na verdade um “acerto” para acabar com a URSS, decidida por homens que realmente detêm o poder para decidir a vida e a morte na sociedade de nações. O papa, no livro, disse que eles eram os patrões de Michail Gorbachov e que eles ordenaram que ele desmantelasse o império soviético.

A URSS não teria lugar na Nova Ordem Mundial, por isto ela foi dissolvida.

O autor diz, pela boca do papa, que “O sistema leninista com seus mestres espiões, seus propagandistas, seus comandantes de campo de concentração, seu carcereiros, guardas e torturadores – e todo o aparato maligno da URSS – não deixou de existir”. Salta aos olhos que o presidente atual da Rússia, e provável vencedor das próximas eleições russas, Vladimir Putin, foi diretor da KGB. O patriarca Russo (Kiril na época) sempre colaborou com os leninistas, e era um agente da KGB.

O autor menciona que os EUA votou na ONU pela concessão à Rússia e seus aliados o status de “observadores” da OTAN, e status regional na própria ONU. Isto sancionaria o domínio Russo sobre os países em suas cercanias e um pouco mais além.

Portanto, se a Rússia não é mais considerada uma superpotência, ela ainda possui o aparato da antiga URSS e a influência sobre os países que a compunham, agora com o aval dos EUA e da ONU, e até com sua colaboração.

De acordo com o autor, o interesse imediato dos EUA nos países da antiga URSS, principalmente a Rússia, é ter um apoio de peso para fazer frente à União Européia ocidental que estaria em formação.

O autor lembra que devido a nova aliança entre EUA e Rússia, existe uma amnésia do ocidente, que se esqueceu de todas as atividades ilícitas e de espionagem que a URSS empreendeu. Esqueceram os 75000 agentes que os russos implantaram ao redor do mundo, principalmente nas Américas e os 35.000 soldados americanos capturados pelos Russos que nunca foram devolvidos.

O padre Malachi Martin conta ainda em seu livro que na Rússia existe uma indústria de aborto que processa fetos abortados como se fossem uma matéria prima qualquer. O papa teria visto um vídeo no qual os bebês são abortados e colocados numa linha de produção industrial onde são esquartejados (alguns ainda vivos), empacotados e remetidos a várias partes do mundo para indústrias de cosméticos e centros de pesquisa.

6.3 – A mensagem de Fátima e a Rússia

Uma das solicitações mais memoráveis que Nossa Senhora fez em Fátima foi que o Papa fizesse a consagração da Rússia ao seu imaculado coração, em conjunto com os bispos do mundo inteiro. Não obstante, de acordo com Malachi Martin, o papa, ao ser perguntado se faria a consagração da Rússia, como mandado por Nossa Senhora em Fátima, teria respondido:

“Não. Eu não sou o papa de 1960 . Ela não me disse para fazer isto. Eu não tenho mandato nenhum em relação a isto . O que eu quero é restituir ao povo Russo seu amado Ícone de Nossa Senhora de Kazan, que atualmente está na posse da Santa Sé. E quero ir a Kiev, porque foi lá que o Príncipe Vladimir batizou aos Russos mil anos atrás, em massa, nas águas do Dnieper.”

A irmã Lúcia, única dos três videntes de Fátima viva até hoje, teria sido colocada em isolamento a mando do Cardeal Casaroli, que a impediu de falar com quem quer que fosse, mesmo (e talvez principalmente) o Papa. Contudo, o Papa teria conseguido se reunir com ela no início da década de 90.

6.4 – A Nova Ordem Mundial

De acordo com Malachi Martin nós, de fato, já vivemos sob uma nova ordem mundial, onde os principais acontecimentos nacionais atendem a interesses globalistas, e onde uma pequena minoria de pessoas que controlam as finanças mundiais, também controlam e manipulam a política internacional, tal é a dependência dos estados modernos do sistema financeiro internacional.

Segundo o autor, tais pessoas teriam engendrado a Guerra da Bósnia, e também teriam decretado o fim da existência da URSS. A Guerra da Bósnia foi planejada para que o mundo se acostumasse com a idéia de que uma força multinacional pode agir em conflitos nacionais, dando assim mais autonomia e direitos de ação à ONU. (Parte do plano do Concilium 13).

Segundo Malachi Martin, não existe coincidência no fato do aborto, da eutanásia e da destruição da estrutura familiar através da promoção do homossexualismo e da libertinagem estarem na ordem do dia de vários países ao redor do mundo. Ele alega que o que existe é um esforço coordenado. O que o que é feito localmente, é feito para atender ao interesse de tal grupo de pessoas que controlam a política internacional.

Um exemplo que ele nos dá é o documento americano National Security Study Memorandum 200: Implications of Wordlwide Population Growth for U.S. Security and Overseas Interests – NSSM 200. Este documento apontou treze países estratégicos como fonte de matéria prima vital para os EUA e mercados importantes para os serviços e bens do ocidente: Índia, Paquistão, Bangladesh, Nigéria, México, Indonésia, Brasil, Filipinas, Tailândia, Egito, Turquia, Etiópia e Colômbia. O memorando dizia que a taxa de natalidade de tais países era considerada muito alta para estabilidade.

O documento recomendava que os governos americanos dessem assistência a estes países e a outros, de forma a aumentar o uso de contraceptivos, aborto e esterilização de ambos os sexos.

Segundo Malachi Martin, o ex-presidente americano Bill Clinton se indispôs contra João Paulo II porque o Papa teria denunciado que seu governo promovia o horrendo aborto por parto parcial, que o governo americano atual pretende banir.

7 - O Papa Eslavo

Uma das discussões mais marcantes do livro é a respeito do papa Eslavo (supostamente João Paulo II). Este se apresenta como um campeão da vida, lutando com todas as suas forças contra o aborto, contra a eutanásia, contra a ruína da estrutura familiar. Entretanto, ele abandonou a tarefa de vigiar pela ortodoxia dos fiéis e do clero, e promove um ecumenismo insano e insensato.


Malachi Martin ao longo do livro oferece diversas opiniões a respeito do Sumo Pontífice e sobre toda a sua ambigüidade, revelando ao final do livro o que entende ser o pensamento do Papa e porque ele age de maneira tão heterodoxa em assuntos cruciais da Igreja, e ainda, porque ele se recusa a punir bispos e teólogos rebeldes.

7.1 – O papa e Nossa Senhora de Fátima.

Malachi Martin descreve o papa como um devoto de Nossa Senhora de Fátima, porém com uma devoção pouco arrazoada, mais sentimental.

Segundo o autor, o Papa sempre espera um sinal dos céus para tomar alguma medida crucial, e ainda segundo ele, o Papa teria realmente tido uma visão de Nossa Senhora.

Ao papa teria sido mostrado o milagre do sol, como foi mostrado em Fátima em 1917. (Outra alegação que considero dúbia).

>7.2 – Ambigüidades do Papa

O padre Malachi Martin faz seus personagens do livro discorrerem sobre o possível motivo da ambigüidade e inatividade do Papa, e porque ele deixa que a heterodoxia tome conta da Igreja. Abaixo as opiniões expressas pelos personagens, e que refletem as justificativas que muitos dão para as atitudes contraditórias do papa Eslavo:
O papa é um prisioneiro virtual do Vaticano – como o papa Pio IX tinha sido em seu tempo - e seu campo de ação é muito limitado. Segundo esta opinião, cardeais que acumularam poder de Secretariado de Estado, Congregação dos Ritos, Influência no Colégio Cardinalício, etc, isolaram o Papa, tornando sua movimentação muito restrita.
O papa seria maçom? Malachi Martin faz analogia entre objetivos políticos do Papa com os da Maçonaria Americana.
O papa, para combater o contexto anti religioso e irracional crescente em escala global, tenta minimizar as diferenças entre as opiniões religiosas entre católicos e não católicos ao mesmo tempo que tenta manter as doutrinas reveladas e as práticas essenciais da Igreja. O papa não tem escolha a não ser fazer crescer mais sua popularidade, para se manter ativo nos affairs da humanidade. Ele enfatizaria para isto as coisas que une todos os povos, católicos e não católicos, pois todas religiões enfrentam a mesma ameaça. Ele redobraria seus esforços de levar a graça de Deus com ele como Papa enquanto fala a linguagem do mundo.
O papa é incompetente para governar a Igreja.
Ele decidiu se associar aos chamados progressistas em sua Igreja e com os centros de poder fora de sua Igreja, na esperança de mudar a situação durante algum ponto do trajeto.
O papa tem suas próprias idéias formadas a respeito do vindouro mundo do terceiro milênio, e considera que a estrutura de sua Igreja seja descartável, e espera que ele seja reposta por um estrutura ainda desconhecida. Ele acha que o que acontecendo na Igreja é por bem. Ele não se arrepende de nada. Ele não quer trazer a antiga estrutura de volta.
O papa na verdade não tem a fé perfeitamente ortodoxa e é adepto da Nova Teologia e acredita profundamente num ecumenismo sem conversão. Seus mentores intelectuais foram modernistas, alguns dos quais condenados pela Igreja. Esta é de fato, a opinião expressa por Malachi Martin ao final de seu livro.

7.3 – O Papa com relação ao Satanismo e à Maçonaria.

No livro, o papa manifestou a um cardeal sua impressão de que alguma coisa foi feita no campo espiritual para que o diabo conseguisse perverter tanto a Igreja nos dias de hoje. Neste ponto, ele ainda não sabia da entronização de satanás em uma capela do Vaticano. Ao final do livro, se revela que o papa acabou por ficar sabendo a verdade sobre a entronização do diabo numa capela do Vaticano.

O problema da pedofilia nos EUA já era conhecido anteriormente ao fatos que eclodiram recentemente. Ele reconhece que o problema ocorre em toda Igreja, mas que o epicentro seria os EUA. Também tinha consciência que o Satanismo se alastrara muito por lá, tanto entre os clérigos quanto entre os leigos.


Ao saber de quão difundido estava o satanismo na Igreja, o papa decidiu fazer uma encíclica falando ex-cathedra, condenando as atividades homossexuais e toda forma de rituais e organizações satanistas. De acordo com esta suposta carta, quem violasse estes mandatos estaria automaticamente excomungado. Também seriam inclusos nesta encíclica conceitos básicos de moral sexual como contracepção e métodos atuais de controle populacional. (Quem dera fosse verdade...)

7.4 – A mentalidade do Papa

Malachi Martin descreve o papa como uma pessoa de grande carisma, com fortes tendências emocionais, e que tem fincado profundamente em seu pensamento os erros modernistas.

O papa eslavo se considera como nada mais do que um bispo muito importante entre quatro mil outros bispos importantes. Ele pensa não poder interferir com seus bispos em suas dioceses. Ele acredita que eles (o papa e os bispos) são equivalentes em poder e jurisdição.

O papa abriu mão das chaves petrinas, compartilhando-a com os cardeais da cúria, pois ele acredita no colegiado. O papa fez do papado uma instituição colegial. O papa Eslavo segue realmente o exemplo de Paulo VI e João XXIII. Isto já ocorreria na prática, no Vaticano, e o que falta é apenas a oficialização. O papa não mais aponta bispos, decide se ensinamentos são heréticos ou quem vai se tornar cardeal sozinho. Ele o faz junto com a cúria. (Colegiado de fato).

7.5 – O Papa e o Ecumenismo

No livro, quando era apenas bispo participando do Vaticano II, o Papa Eslavo foi um dos arquitetos chefes do documento Gaudium et Spes, a encíclica que deu inicio e embasamento para o ecumenismo promovido pela Igreja atualmente. Ele pretende incluir todas as religiões em seu ministério, mas sem nada da velha e usual insistência que todos se tornem católicos.

Segundo M. Martin, o papa viaja o mundo inteiro e encontra com povos e religiões porque ele acredita nas semente de sabedoria que o Espirito Santo plantou na consciência dos povos, tribos clãs. Esta posição do papa demonstra o quão de acordo com o ecumenismo modernista ele está e o seu compromisso antes com o mundo e depois para com a ortodoxia da Igreja.

8 - Conclusão

O livro se encerra com um “Gran Finale” e com um enorme ponto de interrogação. É um grande livro, que ao mesmo tempo desenvolve uma história interessante e nos insinua segredos internos deste misterioso mecanismo burocrático e diplomático que é o Vaticano, colocando às claras os sinais de que mudanças profundas estão acontecendo tanto na sociedade e na Igreja principalmente, pois a Igreja é a mola mestra do mundo. Tudo orquestrado de forma consciente e objetiva pelo Inimigo.

Porem, o próprio Malachi Martin, nos lemb

ra que, nestes tempos difíceis, onde a Igreja parece agonizar, o mandato divino de que “as portas do inferno não prevalecerão” contra ela.


    Para citar este texto:
Pedrosa, Paulo Sérgio R. - "Resenha do livro "Windswept House"" 
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cadernos&subsecao=re... 
Obs.: Esse livro do Malachi Martin não tem tradução em português, infelizmente, mas o site Montfort colocou uma resenha do livro.