Por isso, aqui, proponho uma simples reflexão: se pudesse escolher ser feliz ou triste, o que escolheria? Atenção! Note que há um “se”. Se pudesse... o que você escolheria? Já posso ouvir que a resposta seria “ser feliz”. Então, se Deus nos deu o livre arbítrio, porque não escolhemos ser felizes? Possivelmente nos enganaram em algum lugar. E é para investigarmos isso que estamos aqui.
O nosso interesse não está em reforçar algum dogma ou o que quer que seja. O nosso interesse é desorganizar o que está posto como verdade e ver o fato. Quando olharmos dessa maneira para a nossa própria existência, será possível notar que o corpo e a mente têm limitações intrínsecas, com irremediável impossibilidade de transcendência. Somente é possível dar-se conta das limitações, e apenas nesse movimento estará a possível transcendência.
Quando você desperta para o fato de que tanto a mente quanto o corpo são observados e que, portanto, você não é nem o corpo nem a mente, existem consequências liberadoras desse entendimento. Se o corpo não é você, e é o corpo que morre, fica óbvio que não é você quem morre. Se o corpo sofre e você não é o corpo, fica óbvio que não é você que sofre. Se o corpo está com fome e você não é o corpo, quem é que está com fome? Experimente conviver com esse entendimento.
Nesse momento é possível ver que, num nível mais sutil, o pronome “eu” foi removido. Essa sabedoria nasce em você para transformar a rotina dos acontecimentos numa nova maravilha.
Fome é algo que aparece na Consciência que você é. Quando aparece fome na Consciência, uma vez apertado o botão da fome, este computador corpo-mente, este objeto programado, sabe muito bem o que fazer. Um mero distanciamento e pode ser visto que fome está acontecendo. Assim como todas as coisas, a fome acontece e você é a observação dos acontecimentos.
Aqui destaco uma tênue e abismal diferença entre o iluminado antigo e o atual. Antigamente foi dito por alguns iluminados que eles não sentiam fome, medo, tesão, ciúmes, inveja... isso ou aquilo. Dessa forma foi criado um modelo. Quando olhávamos para a nossa realidade cheia desses sentimentos, não era tão simples fugir dos comparativos e, assim, iluminação jamais seria possível. No entanto, agora, é possível notar simplesmente que você não é aquele que sente tudo isso. Tudo apenas aparece e você é aquele que observa o aparecer e o desapareder das coisas.
Não existem mais modelos. Se ainda há um modelo na sua mente do que um acordado seja, você tentará impor sobre si mesmo. Apenas saiba que é o corpo que está sentindo isso ou aquilo e que é a mente que pensa isso ou aquilo. Apenas saiba que você é aquele que observa, e tudo estará na mais perfeita ordem.
Diante de tal esclarecimento, não mais existe briga ou impertinência, não mais existe não-aceitação em relação ao que está acontecendo. Agora você se tornou um amante daquilo que acontece. Você ama a tudo o que acontece, incondicionalmente. Em aceitação, você nota que nada precisa ser modificado, porque as limitações são do limitado e você é o sem limites.
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