sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Michael, O Mensageiro de Cristo

S.B.Homrich, 2005 Páscoa

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Michael, O Mensageiro de Cristo
Rudolf Steiner
Londres, 2 de Maio de 1913

O Mistério do Gólgota é o mais difícil de se compreender de todos os Mistérios, mesmo para aqueles que alcançaram um estágio avançado no conhecimento oculto. Entre todas as verdades dentro do âmbito do pensamento humano esta é a que pode mais facilmente ser mal compreendida.

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Isto se dá porque o Mistério de Gólgota foi um evento único em toda a evolução da terra e da humanidade, um poderoso impulso que nunca havia sido dado da mesma forma  e que nunca se repetirá de maneira semelhante. O pensamento humano sempre busca um termo de comparação através do qual fatos possam ser compreendidos, mas o que é incomparável desafia qualquer comparação e porque é único será muito difícil  se compreender.

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O Mistério do Gólgota não deve ser visto como um evento separado da evolução da humanidade, como se ele fosse levado em consideração somente pela sua duração de 33 anos. Precisamos nos lembrar que ele morreu na 4ª época pós-atlântica, a época da civilização Greco- Latina, e que ele foi preparado por todo o período de desenvolvimento do antigo povo Hebreu. O que aconteceu na humanidade durante a 4ª época foi da maior importância para o Mistério do Gólgota; assim também foi o culto de Jahve que era praticado entre os antigos Hebreus. É, portanto, fundamental considerar a natureza do Ser que revelou naquele tempo sob o nome  Jahve ou Jehovah...

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Acima de tudo, o fator evolução não deve deixar de ser considerado quando pensamos no nome Jahvé ou Jehovah, especialmente em relação ao nome de Cristo. Até no Novo Testamento encontraremos – e em meus livros tenho sempre me referido a isto – que em Jehovah o Cristo se revelou na medida em que isso era possível ser feito antes do Mistério do Gólgota.

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Se quisermos fazer uma comparação entre Jehova e Cristo, podemos bem fazê-la se tomarmos a luz solar e a luz lunar como ilustração. O que é a luz solar, o que é a luz lunar?  Elas são uma e a mesma e, no entanto são bem diferentes. A luz solar flui a partir do sol, mas a luz lunar é refletida de volta pela luz lua. Da mesma forma, Cristo e Jehovah são um e o mesmo. O Cristo é como a luz solar, Jehovah é como a luz do Cristo refletida, de tal forma que a luz do Cristo podia se revelar na terra sob o nome de Jehovah, antes que o Mistério de Gólgota tivesse acontecido. Quando contemplamos um Ser tão sublime como Jehovah – Cristo devemos buscar seu verdadeiro significado nas próprias alturas do mundo supra-sensível. Na realidade, é uma presunção abordar um tal  Ser com os conceitos do cotidiano.

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Os antigos Hebreus buscaram uma solução para essa dificuldade. Apesar de inadequado, o pensamento humano fez esforços para formar uma idéia deste  Ser sublime.  A atenção não foi dirigida diretamente para Jehovah
( um nome que em si próprio continha o inexprimível ), mas ao Ser que nossa literatura  Ocidental se refere pelo nome de Michael. Naturalmente, muita incompreensão pode surgir a partir desta afirmação, mas isto é inevitável. Pode-se dizer, “Isto evocará os preconceitos dos cristãos”; outra não sentirá nenhuma ligação quanto a isso. No entanto, o Ser que podemos denominar Michael, que pertence á Hierarquia dos Arcanjos – não importa que nome possamos lhe dar – este Ser de fato existe. Há muitos seres deste mesmo nível hierárquico, mas este Ser em particular, que é conhecido esotericamente pelo nome de Michael, é tão superior aos seus companheiros como o Sol é para os planetas Vênus, Marte, Júpiter, Mercúrio, Saturno e assim por diante.

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Michael é o mais eminente, o Ser mais significativo na Hierarquia dos Arcanjos. Os antigos os chamavam “o Semblante de Deus”.  Assim como os seres humanos se revelam por seus gestos e expressões de suas faces, assim na mitologia antiga se compreendia Jehovah revelando-se através de Michael.
Jehovah se fez conhecer aos iniciados Hebreus de tal forma que eles perceberam algo que nunca antes tinham podido abarcar com suas forças comuns de compreensão, ou seja, que Michael era verdadeiramente o semblante de Jehovah. Assim os antigos Hebreus falavam de Jehovah – Michael: Jehovah era inatingível inabordável, aos seres humanos, assim como os pensamentos, tristeza e preocupação de uma pessoa ficam escondidos atrás de sua fisionomia exterior, Michael era a manifestação exterior de Jahvé ou Jehovah, assim como a manifestação do Eu num ser humano pode ser reconhecida na fronte ou semblante.

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Podemos, portanto, dizer que Jehovah se revelou através de Michael, um dos Arcanjos. O conhecimento do Ser descrito acima Jehovah não era restrito aos antigos Hebreus, mas era muito mais espalhado. De fato, se investigamos os últimos 500 anos antes da era Cristã, encontraremos que durante todo esse período a revelação era dada através de Michael. Essa revelação pode ser descoberta sob outra forma em Platão, Sócrates, Aristóteles, na filosofia grega, mesmo nas antigas tragédias gregas, durante cinco séculos antes do evento do Gólgota.
Com a ajuda do conhecimento oculto quando tentamos lançar luz sobre o que de fato aconteceu, podemos dizer que Cristo – Jehovah é o Ser que tem acompanhado a humanidade através de todo o curso da evolução. E durante as épocas sucessivas, Cristo – Jehovah sempre Se revelam através de diferentes Seres da mesma categoria que Michael. Mas em épocas diferentes ele escolhe um semblante diferente, por assim dizer, para voltar á humanidade. E de acordo com o Ser da Hierarquia dos Arcanjos que é escolhido como mediador entre Cristo – jehovah e a humanidade, idéias, concepções, impulsos de sentimentos,impulsos de vontade largamente diferentes são revelados aos seres humanos. Num certo sentido, todo período ao redor do Mistério do Gólgota pode ser descrito como Época de Michael, e Michael pode ser visto como o mensageiro de Jehovah.

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Durante o período que recebeu o Mistério do Gólgota por quase quinhentos anos e que continuou muitas décadas após, a forma dominante da cultura levou o selo de Michael. Através de seu poder ele verteu para a humanidade o que era destinado a ser transmitido naquele tempo. E então vieram outros Seres que eram igualmente Inspiradores da humanidade desde o mundo espiritual – outros seres do nível dos Arcanjos. No entanto, como foi dito, Michael era o maior, o mais poderoso entre eles. Assim uma época de Michael é sempre a mais significativa, ou uma das mais significativas que podem ocorrer na evolução humana. Pois as épocas dos diferentes Arcanjos se repetem; e é um fato da maior importância que cada um dos Arcanjos confere a época seu caráter fundamental. Estes Arcanjos são líderes de diferentes nações e povos, mas porque eles são líderes de épocas particulares, e porque eles também foram líderes em tempos passados, eles se tornam num certo sentido também os líderes da humanidade como um todo.

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No que diz respeito a Michael, uma mudança aconteceu agora. O próprio Michael atingiu um patamar posterior em seu desenvolvimento. Isto tem enorme importância, pois de acordo com o acontecimento oculto, nas últimas décadas entramos numa nova época inspirada pelo mesmo Ser que inspirou a época durante a qual aconteceu o Mistério do Gógota. Desde o fim do século XIX, então, Michael pode ser visto como o dirigente da época.

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Para entender isto, temos que olhar o Mistério do Gólgota sob outro ponto de vista e nos perguntarmos: O que, neste Mistério, é de importância capital? O fato de suprema importância é que o Ser que leva o nome de Cristo  passou através do Mistério do Gólgota  e pelo portal da morte naquele tempo. Nunca, através de toda a evolução da terra, alguém poderá falar sobre o Mistério do Gólgota sem considerar o fato que Cristo passou pela morteeste é o verdadeiro cerne do Mistério...

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A morte não existe pra nenhum Ser que pertença ás elevadas Hierarquias, com exceção do Cristo. Mas para um Ser supra-sensível tal como o Cristo ser capaz de passar pelo portal da morte, este Ser deve primeiro descer a Terra. E o fato de imensurável significado no Mistério do Gólgota é que um Ser que nunca poderia ter experimentado a morte, no âmbito de sua própria vontade, tenha descido á Terra a fim de passar pela experiência relacionada inerentemente á humanidade. Portanto uma conexão interior foi criada entre a humanidade terrestre e o Cristo, pelo fato o Ser - Cristo ter passado pela morte a fim de compartilhar este destino com a humanidade. Como eu já enfatizei, esta morte foi da maior importância possível, especialmente para o atual período evolucionário da terra. Um Ser de natureza única, que até então era somente cósmico, foi unido através do Mistério do Gólgota, pela morte do Cristo, á evolução da terra. No tempo do Mistério do Gólgota, Ele penetrou no verdadeiro processo da evolução terrestre. Isto não tinha acontecido antes daquele evento, pois Ele então pertencia somente aos cosmos; mas através do Mistério do Gólgota Ele desceu do cosmos e se incorporou a terra. Desde então Ele vive na terra, está unido á terra de tal forma que Ele vive nas almas humanas e vivencia a vida terrestre com os seres humanos.

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Portanto todo o período anterior ao Mistério do Golgota foi somente um período preparatório na evolução terrestre. O Mistério do Gólgota conferiu a terra seu significado e propósito.

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Quando o Mistério do Gólgota aconteceu o corpo terrestre de Jesus de Nazaré foi abandonado aos elementos terrestres, e desde aquele tempo em diante Cristo se uniu á esfera espiritual da terra e vive nela.

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Como já foi dito, é especialmente difícil caracterizar o Mistério do Gólgota porque não existe padrão com o qual ele possa ser comparado. Mesmo assim, tentaremos abordá-lo ainda de outro ponto de vista.

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Por três anos, depois do batismo no Jordão, o Cristo viveu no corpo de Jesus de Nazaré como ser humano entre os seres humanos terrestres. Isto pode ser chamado à manifestação terrestre do Cristo num corpo físico, humano. Como, então, o Cristo Se manifesta desde o tempo em que, no Mistério do Gólgota, Ele deixou de lado o corpo físico?

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Naturalmente devemos pensar no Cristo como um Ser enormemente sublime, mas mesmo sendo tão sublime, foi capaz ainda assim, de Se expressar num corpo humano, durante os três anos após o Batismo.  Mas sob que forma ele Se revela desde aquela época? Não mais no corpo físico, pois este foi abandonado á terra física e é agora parte dela. Para aqueles que desenvolveram a força de olhar para essas coisas através do estudo da ciência oculta, é revelado que o Ser – Cristo pode agora ser reconhecido num ser que pertence á Hierarquia dos Anjos. Assim como o Salvador do mundo se manifestou durante os três anos depois do Batismo num corpo humano -  apesar da Sua sublimidade - assim, desde aquele tempo, Ele Se manifesta diretamente como um Anjo, como um Ser espiritual que pertence ao nível hierárquico imediatamente acima daquele ao qual pertence á humanidade. Como tal, Ele sempre pode ser encontrado por aqueles que eram clarividentes, assim como Ele sempre esteve ligado á evolução. Tão verdadeiramente como o Cristo, quando encarnado no corpo de Jesus de Nazaré, era mais que humano, assim também é o Ser – Cristo mais que anjo – esta é somente sua forma exterior.

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Mas o fato que um Ser poderoso, sublime desceu dos mundos espirituais e habitou por três anos num corpo humano também inclui o fato que durante este período o próprio Ser alcançou um estágio posterior em Seu desenvolvimento.

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Quando um tal Ser toma a forma humana ou Angélica, Ele próprio progride.E é isto que eu indiquei quando falei da evolução de Cristo – Jehovah. Cristo alcançou o estágio no qual Ele Se revela desde então não como um ser humano, não através do Seu reflexo somente, não através do nome de Jehovah, mas diretamente e a grande diferença em todos os ensinamentos e toda a sabedoria que flui para dentro da evolução da terra desde o Mistério do Gólgota, é que através da vinda de Michael – o Espírito Michael – para a terra, através da sua inspiração,os seres humanos puderam gradualmente começar a entender tudo o que o impulso Crístico, tudo o que o Mistério do Gólgota significa. Mas anteriormente Michael era o mensageiro de Jehovah, o reflexo da luz do Cristo; Michael ainda não era o mensageiro do Próprio Cristo.

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CONTINUA:

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