O ENIGMA do MAL                       Vivemos uma fase histórica de                supremacia do egoísmo. Apesar de nos considerarmos                "materialistas", não abrimos mão do nosso Ego                psíquico. Por causa disso, tornamo-nos "alérgicos"                aos outros. Ao impor o nosso modo de ver como o "único",                levantamos um muro entre a "elite esclarecida" e a "periferia                ignorante". E não pensem que isso corresponde somente ao endinheirado.  a países subdesenvolvidos.               Isso  está impregnado na "mente" de todos, sejam ricos                ou  pobres. É o país rico que se beneficia com os elevados juros                 de empréstimos É o cientista que procura                uma fórmula "mágica" para explicar o Universo materialista                e a "vida". É o político que se sente o dono da cidadania                das pessoas e locupleta-se com as benesses do cargo. É o empresário                que estimula o consumo desenfreado para vender mais. É o órgão de                classe com sua "justiça classista" (egoísta). É aquele                que "canta" vantagens em tudo, etc., etc.
                       Como fica o nosso viver na sociedade? Transforma-se numa                gladiatura, de indivíduo contra indivíduo, de classe                social versus outra classe social. É o "grupo dos países                ricos" contra a maioria pobre. São os blocos econômicos que                visam benefícios mútuos. É o Procon que protege os usuários contra                os comerciantes. É a liga destes contra as injúrias dos consumidores.                É a corporação de pacientes contra os erros médicos. É o sindicato                destes contra o Estado. É a corporação de pais contra a escola.                É a liga dos professores contra as normas escolares e as ofensas                dos pais. É a associação protetora dos animais contra a agressividade                humana para com os animais e a natureza, etc., etc.
                       E a nossa atuação no mundo? Transforma-se                numa competição, entre mercadorias e serviços, cada                qual estipulando o seu preço, se possível o mais alto, para                lucrar o mais rápido possível. É o produto bem maquiado, apenas                para elevar o seu preço, mas com qualidade duvidosa. É o ganho rápido                na ciranda financeira, por meios espúrios. É a qualidade do atendimento                ao público que prima pela mediocridade, pela falta de respeito e                de moralidade profissional, etc. Em caso extremo, como se sabe pela                história, o "egoísmo" que extrapola para a esfera econômica                leva a distúrbios sociais e a guerras!
                       Assim somos, assim vivemos e assim atuamos no mundo. Adianta fazer                mudanças nessa máquina enferrujada? Adianta desenvolver o humanismo,                numa base materialista? Adianta pleitear uma medicina humana, uma                pedagogia humana, uma política humana, uma economia humana, uma                vez que a ciência é materialista e o pensar sobre o ser humano se                restringe apenas a seu aspecto material? Parece que estamos num                beco sem saída. A nossa cabeça                fria e calculista, fruto do ensino escolar desumanizado, está contaminando                o nosso coração que, a cada                dia, fica mais "morno" e insensível. E o nosso agir                se torna mais intolerante e beligerante.
                       É preciso dar uma guinada nos conceitos básicos, e isso vamos começar                agora, neste artigo. Essas três características humanas citadas:                cabeça, coração e agir, correspondem às três qualidades da alma                (pensar, sentir e querer). Acima da alma, encontra-se o Eu, o espírito                humano, detentor da "consciência da própria consciência".                Por isso Aristóteles dizia que "o                homem é um animal racional". Ou seja, a característica                "animal", possuidora de corpo e alma; e a "racional",                aquela parte da razão, que se identifica com o que é mais elevado                em si, o espírito. Ou poderia ser dito conforme os gregos: o homem                possui corpo, psykhé e Noûs (ou seja, corpo,                alma e espírito). O Eu humano, por ser uma "centelha divina",                "uma chispa de Deus", é indestrutível e incorruptível!                O Eu "nasceu" por último, nesta etapa histórica terrestre.                Entre o Eu "recém-nascido" e o corpo físico "velho",                vive a alma humana. É na alma humana                o campo de batalha das nossas imperfeições, desejos, paixões,                etc. Vivemos numa luta permanente contra o erro, o mal. Essa luta                não é travada somente no mundo externo, mas ela ocorre dentro de                cada ser humano. Isso se reflete na dupla característica do mal:                do excesso luminoso e da escuridão.
                       O "portador da luz" (Lúcifer)                é o representante da "luz que ofusca a consciência", pois                deseja levar o homem às esferas superiores de uma espiritualidade                ilusória, através da religiosidade fácil ou das drogas. O "ser                das trevas" é representado por Ahriman, o demônio zoroastrino                (A filosofia zaratustrina, da antiga Pérsia, 5.000 a.C., representa                o berço do pensamento judaico pós-babilônico, das idéias filosóficas                gregas e do cristianismo), o qual traz densidade à matéria, afunda                o homem no tecnicismo morto, na maldade, na crueldade. Ou seja,                o primeiro deseja ganhar os céus, através da fé "transcendental"                e, o segundo, escraviza ao materialismo, fazendo com que o ser humano                se entregue aos "egoísmos" social e econômico. Em ambos                os casos, o homem perde a sua liberdade. É, portanto, na                alma que se é assediado desde os tempos primordiais bíblicos pelos                "seres espirituais rebeldes".
                       Por isso a Bíblia cita as "duas bestas": Uma com sete                cabeças e dez chifres e outra com dois chifres. Uma vem                do mar e outra, das profundezas da terra. Primeiramente Lúcifer                atuou em uma época muito precoce da humanidade, quando o ser humano                não tinha consciência necessária para discernir o bem do mal. Nos                períodos Jurássico e Cretácio (denominado Lemúria                pela Antroposofia), os seres luciféricos imprimiram na alma                dos répteis a formação gigantesca (Dinossauros)                e depois atuaram na alma humana, imprimindo a polaridade masculina                e feminina. Isso patrocinou um "endurecimento" do orbe                terrestre, inviabilizando as encarnações humanas. Somente                após a saída da lua                da Terra, o ambiente terrestre tornou-se novamente habitável                para os seres humanos.
                       Mais tarde, a influência luciférica diferenciou a humanidade                em raças, povos e tribos, cujo intuito era exercer seu domínio em                pequenos grupos. Mas, por trás de toda manifestação do mal, se descobre                o bem. Entre as ações negativas e as ações positivas, existe uma                contínua interação. O que o mal quer, tem seus efeitos nas forças                do bem e vice-versa. As forças do bem sempre têm uma intenção de                reagir às forças do mal, de tal modo que estas sejam metamorfoseadas                em direção do bem. Ou seja, o que o mal planeja acaba transformando-se,                no final, em um bem. Então, no objetivo luciférico de separar                a humanidade em raças e tribos, facultou a possibilidade humana                de viver experiências distintas em encarnações sucessivas. Rudolf                Steiner esclarece, no seu livro "Crônica do Akasha", que                as raças se firmaram                na antiga Atlântida (Terciário                e Quaternário), sendo o que se tem hoje são resquícios daquele antigo                tempo. Só para citar alguns exemplos: a 1a raça                atlante, os Rmoahals, deu origem aos negros africanos; a                3a raça atlante, os Toltecas primordiais,                migrou para o oeste e deu origem aos índios americanos, a 4a                raça atlante, os Turanios primordiais, migrou para o leste                e deu origem aos mongóis (ou turanianos). Nessa quarta etapa civilizatória,                o Eu é introduzido no homem, através de Javé-Elohim                (o Cristo), "como uma gota que se imiscui dentro de um líquido".
                       Agora sim, entra em cena a outra "besta": Ahriman.                Só agora ele se interessa pelo homem, quando este adquire um Eu,                uma individualidade. Só que o ser humano ainda "engatinhava",                com uma "consciência" inocente, carente de experiência.                Esse outro mal intenta levar a alma a afundar na matéria. Como se                disse, a sua força polar, luciférica, aspira sempre à ilusão,                à fantasia e quer levar a humanidade para longe da realidade física,                para o mundo das ilusões fantasiosas. A sua caricatura é da "fantasia                carente de conteúdo". Ahriman, ao contrário,                quer levar o homem às profundezas da terra, quer uni-lo fortemente                à matéria. É o introdutor do materialismo. A sua caricatura é o                "cérebro computadorizado vazio de                conteúdo". Inclusive Zaratustra afirma que                Ahriman liberta outro demônio, Zohak (ou dragão Zohak                de três goelas), acorrentado pelas forças da luz, no monte Demavant,                o qual intenta devastar o mundo e o espírito humano (seria este                o terceiro demônio, um Azura?). Mas, segundo Zaratustra, o dragão                é morto a cacetadas por Karsasp, um dos reis imortais da                gesta ariana.
                       Após o afundamento da Atlântida (dilúvio), começa a nossa civilização                ariana (Índia, Pérsia, Egito, Grécia/Roma, atual, ...). Na 3a                civilização ariana pós-atlântica egípcia-babilônica,                os seres humanos estavam vivenciando a sua alma da sensação.                Essa parte da alma corresponde a uma fase primitiva da vivência                anímica, em que "o Eu se entrega à periferia da sua alma".                Ou seja, o Eu procura vivenciar o mundo, ter muitas experiências.                Portanto, essa civilização tinha a missão de desenvolver a semente                do materialismo, no sentido                de se interessar pela Terra, de uma forma harmônica. Tanto que,                nesse período, foram desenvolvidos vários aspectos do conhecimento                humano: a geometria (para arar a terra), a astronomia, a divisão                do ano, "mês" bissexto, etc.
                       No entanto o mal acelerou o desenvolvimento do materialismo                numa fase muito precoce da história. Como se pode constatar isso?                Principalmente pelos gigantescos trabalhos de engenharia: as pirâmides.                O que elas significam? Um naco do "cosmo" aqui na Terra.                (Observem as suas medidas: são baseadas em leis cósmicas). Seria                como se puxasse o "espiritual" para a terra. Uma outra                característica nessa direção tem a ver com as mumificações.                O que elas representam? Justamente ficar preso à matéria, pois com                isso o "espírito" segue atado ao seu cadáver durante muito                tempo depois da sua morte. Com essa atitude não se vivencia o "mundo                espiritual", mas somente o seu cadáver, o seu pedacinho de                "terra".
                       Na civilização seguinte, greco-romana, quando o homem                passa pela evolução da alma racional (ou intelecto-sensitiva),                Ahriman e Lúcifer dão-se as mãos e cada um de per                si influencia cada uma dessas civilizações: Lúcifer influencia                a cultura grega, na procura do belo, da ilusão, no embriagar-se                na inconsciência "dionisíaca" da beleza, na proliferação                da pederastia e da prostituição. Ahriman atua na cultura                romana, nas conquistas territoriais, no desenvolvimento do "individualismo",                do cidadão no mundo (civis romanus), com suas leis, direitos,                propriedades, tribunais, etc., período no qual o ser humano foi                levado cada vez mais ao egoísmo.
                       E qual a influência do mal na nossa atual época civilizatória,                período no qual se vive a alma da consciência? O mal se enraizou                no ser humano e institucionalizou-se no mundo! Isso aconteceu a                partir de 1930. Em primeira lugar, o enraizamento do mal tem a ver                com a resposta que Freud deu à pergunta: Existe                algo superior no ser humano? – "Agora                que empreendemos a análise do Ego, podemos dar uma resposta a todos                aqueles cujo senso moral ficou e que se queixaram de que certamente                deveria haver uma natureza mais alta no homem: Muito certo, podemos                dizer, e aqui temos essa natureza mais alta, neste ideal do Ego                ou Super-Ego, o representante de nossas relações com                nossos pais." (Freud:                O Ego e o id). Em segundo lugar, nessa mesma época, o mal institucionalizou-se                com o advento do Nazismo de                Hitler. Não resta dúvida de que os bárbaros medievais fizeram grande                estrago em todo o Império Romano (futura Europa) e, por sete séculos                naquela região, deixou de existir a consciência de cidadania. Mas                o mal que os "modernos bárbaros" realizaram não tem comparação                com nenhum momento histórico da Humanidade. A filosofia luciférica                da "raça pura" (representante do arianismo), associada                ao extremo poder ahrimânico da máquina de guerra, deram condições                para que o 3o demônio atuasse no refinamento das                matanças nos campos de concentração, dos experimentos médicos impingidos                aos judeus, etc. Esse mal se estendeu também aos "aliados",                quando estes jogaram suas Bombas Atômicas sobre um país moribundo,                preste a se entregar. Atualmente esse "mal institucionalizado"                vive em hostes terroristas, regimes ditatoriais, corjas de políticos                corruptos, grupos nacionalistas, grupos religiosos fanáticos, rede                de narcotráfico internacional, etc.
                       Como se viu, é grande o poder do Mal. Ele não se abala nem se decepciona                com a derrota. Sempre intenta realizar outra maldade mais perfeita,                pois para ele, no fundo, não importa o sofrimento humano. O homem,                em contrapartida, aprende com suas próprias experiências. E aprende                principalmente com seus erros e pela dor. Por isso exige-se do homem                moderno conhecer todos os caminhos que existem, tanto do bem como                do mal.
                       Como se pode confrontar com essa potência? Segundo Steiner, "um                lema os homens devem empunhar, caso contrário não haverá progresso                em nossos tempos insanos. – Procurem a vida inteiramente prática                e material, mas procurem-na de modo que ela não os torne insensíveis                ao espírito que nela atua. – Procurem o espírito, mas não o procurem                com volúpia metafísica, por egoísmo metafísico; procurem-no por                quererem usá-lo desinteressadamente na vida prática, no mundo material.                – Observem o velho princípio ‘espírito nunca sem matéria, matéria                nunca sem espírito!’, de modo a poderem dizer: Queremos realizar                toda ação material à luz do espírito de modo tal que ela nos desenvolva                calor para nossa ação prática. O espírito que por nós é conduzido                à matéria, a matéria que por nós é trabalhada até sua revelação,                pela qual ela extrai de si própria o espírito. A matéria que tem                seu espírito revelado por nós, o espírito que por nós é tangido                para a matéria. Ambos formam aquele existir vivo, capaz de levar                a humanidade a um progresso real – àquele progresso que só pode                ser almejado pelas melhores esperanças nos mais profundos recônditos                das almas da atualidade."
                       Só assim poderemos combater as duas polaridades do mal, no sentido                de trazê-las para o bem. Esta é a nossa meta, a nossa missão.              


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